Este postal, o centésimo e último desta série de postais ilustrados aqui colocados durante cem semanas, vai para muita gente.
Vai para quem escreve, para quem edita, para quem pagina, para quem põe online este sinalAberto.
Este postal vai para todos quantos se aventuram a fazer jornais mas também para todos quantos não prescindem de os ler, seja em papel seja na pantalha de um telemóvel, de um tablet ou de um computador mais ou menos portátil.
O querido e anónimo público dos jornais faz parte desta comunidade e merece igualmente ser lembrado nesta hora da minha despedida enquanto escritor de postais ilustrados neste espaço de o sinalAberto, jornal a que também pertenço e onde espero ensaiar outros trabalhos que possam ser úteis e agradar precisamente ao público anónimo.
O conteúdo dos meus postais ilustrados, apesar de terem destinatários identificados, materializou-se sempre, ou quase sempre, num texto dirigido ao público anónimo. A forma de postal ilustrado foi apenas um meio para tornar o conteúdo potencialmente mais eficaz. Nunca perdi a alma de jornalista formado na velha escola da notícia.
Claro que me coube, a mim, escolher os destinatários dos meus postais, o que é sempre uma escolha subjectiva que pode até configurar a ideia de uma qualquer agenda implícita. Este é um dos privilégios dos comunicadores em geral e dos jornalistas em particular, privilégio que justifica o especial agradecimento dirigido ao público anónimo.
Gosto, como se adivinha, de encontrar alguma cumplicidade nos meus leitores. Este meu gosto é de tal ordem que estou a terminar uma narrativa quase ficcionada sob forma epistolar nomeada “Em Papel Timbrado de Hotéis Antigos”.
Nestas fórmulas, muitas vezes, o mais difícil é escolher o destinatário. Não hoje, neste último postal ilustrado desta série dirigido à comunidade do sinalAberto, um espaço de liberdade onde até coube esta minha correspondência.
Obrigado pela vossa paciência,
Júlio Roldão
02/05/2022