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O poeta
Exímio no jogo de pés, extrema flexibilidade de tronco, raro domínio de mãos, ataque e defesa nele são pólos em fluida transição, harmonia saltitante que deslumbra os estetas, os exigentes cultores da nobre arte.
Na ementa de argumentos, sublime nos confrontos é o seu bailado de olhos, o criterioso remate do discurso, como naja letal ou au ralenti, num mostruário de infinitas transições. Como não evocar Machado? Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao andar.
E é neste instante introspectivo, é neste fulgor, que irrompe o golpe boçal do antagonista, a murraça primária entre olhos, a liquidar a canção, a prostrar o poema, o poeta, ao 1.º assalto.
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30/03/2023