Querida professora Marina Subirats,

Faz hoje, dia 6 de Julho de 2020, 23 anos que abriu, no Porto, o I Colóquio “Outros Sentidos Para Novas Cidadanias”. Foi a 6 de Julho de 1997 e contou com a presença da professora Marina Subirats, então catedrática de referência da Universidade Autónoma da Catalunha.

Eu tive o privilégio de conversar consigo, num encontro promovido por Fina d’Armada, amiga comum que já partiu para o Oriente Eterno, e deixei, nas páginas do Jornal de Notícias, um apontamento dessa nossa conversa.

Um apontamento demasiado pequeno para uma entrevista que foi, de todas quantas fiz como jornalista, a que, de longe, mais me agradou, muito pela empatia que senti relativamente à professora Marina, pessoa que desconhecia e com quem só me encontrei nesse breve encontro.

Um encontro/entrevista atípico que começou com uma troca de impressões sobre a modernidade de Aristófanes, por exemplo na sátira da líder feminista Lysístrata, mas não teve a tradução jornalística que o tema e a entrevistada mereciam. Admito que, de tanto querermos escrever o melhor dos textos no rescaldo de um serviço que nos tocou, possamos acabar por nada escrever, apanhados numa forte e profunda afasia. 

Foi isso que confessadamente me aconteceu com a entrevista que me concedeu há 23 anos – quando procuramos as melhores palavras podemos ficar sem palavras e até devolver a uma entrevistada que tanto nos tocou uma entrevista quase discreta. 

Espero que me desculpe.

Seu admirador,

Júlio Roldão

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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