Querida Meg Ryan,

Desculpe a ousadia deste tratamento, quase íntimo, tão habitual em quem assume esta qualidade de admirador de uma artista de cinema como a Meg. 

Apesar de ser um dos seus grandes fãs, quando a revejo num dos seus muitos filmes (como aquele do e-mail, onde assume o papel de uma livreira de uma pequena livraria em luta contra as grandes distribuidoras de livros), raramente consigo lembrar-me do seu nome à primeira.

Eu sei muito bem quem é a Meg, mas, às vezes, sou péssimo a recordar nomes ao ponto de trocar o seu nome pelo nome de algumas colegas suas, actrizes de elevadíssimo nível profissional como o da Meg.

Sempre achei que nós, comuns mortais, temos uma enorme dívida, nunca verdadeiramente paga, para com os artistas que nos oferecem, com as respectivas artes, momentos tão bons que ajudam a suportar os maus. A Meg está neste rol de credores.

Felizmente, não será, nestes pandémicos e difíceis tempos, tão esquecida como são muitos artistas portugueses, de diversas áreas, muitos dos quais sem rendimentos e sem qualquer almofada financeira a que possam encostar-se.

Desculpe-me outra vez. Sei que estou a entristecer aquele seu sorriso tão bonito quanto irónico mas há coisas que não posso ignorar e esta é uma delas. Em nome daquela dívida de gratidão que temos, ou devemos ter, relativamente a todos os artistas.

Seu eterno admirador,

Júlio Roldão

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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