Meu caro Francisco Duarte Mangas,
Há muito que te devo carta (ou postal) para te agradecer o nome que deste aos meus A4 quatro vezes dobrados, essas publicações artesanais que são a confissão gráfica da minha preguiça literária – os marcadores de livros que sonham ser livros, como lhes chamaste.
Viciei-me nessas pequenas edições, em regra com todos os exemplares numerados e assinados, edições que uso e abuso para assinalar momentos especiais, como jantares de amigos, sessões de apresentações de livros ou até aniversários e nascimentos assinaláveis, como foi o do meu mais recente neto, de seu nome Leo, como DiCaprio ou como Da Vinci.
Graças a ti, esses meus trabalhos menores têm nome. São os tais marcadores de livros que gostavam de ser livros. Também eu gostaria, um dia, de escrever uma novela gráfica, desenvolvendo o gosto pela banda desenhada, arte que descobri, como tantas outras, tardiamente, mesmo descontando o tempo do confinamento da minhas infância e adolescência.
Na verdade, também és inspirador neste campo das artes poéticas visuais. Os pássaros que desenhas nas árvores que desenhas são muito mais do que cenários para os teus versos e eu, um dos teus leitores mais desajeitados, também devo agradecer-te essa tua generosa dádiva…
Daí o postal que inventei para te enviar e para confirmar a minha presença na anunciada sessão de lançamento do mais recente número da nossa Gazeta Literária que diriges e editas – a edição da primavera/verão 2020, dedicada a Egito Gonçalves e a Nuno Rocha Morais.
Aquele abraço, meio envergonhado por não ter ido ao recente lançamento, na Feira do Livro do Porto, do teu mais recente título: A Cidade das Livrarias Mortas.
Júlio Roldão