Meu caro Francisco Duarte Mangas,

Há muito que te devo carta (ou postal) para te agradecer o nome que deste aos meus A4 quatro vezes dobrados, essas publicações artesanais que são a confissão gráfica da minha preguiça literária – os marcadores de livros que sonham ser livros, como lhes chamaste.

Viciei-me nessas pequenas edições, em regra com todos os exemplares numerados e assinados, edições que uso e abuso para assinalar momentos especiais, como jantares de amigos,  sessões de apresentações de livros ou até aniversários e nascimentos assinaláveis, como foi o do meu mais recente neto, de seu nome Leo, como DiCaprio ou como Da Vinci.

Graças a ti, esses meus trabalhos menores têm nome. São os tais marcadores de livros que gostavam de ser livros. Também eu gostaria, um dia, de escrever uma novela gráfica, desenvolvendo o gosto pela banda desenhada, arte que descobri, como tantas outras, tardiamente, mesmo descontando o tempo do confinamento da minhas  infância e adolescência.

Na verdade, também és inspirador neste campo das artes poéticas visuais. Os pássaros que desenhas nas árvores que desenhas são muito mais do que cenários para os teus versos e eu, um dos teus leitores mais desajeitados, também devo agradecer-te essa tua generosa dádiva…

Daí o postal que inventei para te enviar e para confirmar a minha presença na anunciada sessão de lançamento do mais recente número da nossa Gazeta Literária que diriges e editas – a edição da  primavera/verão 2020, dedicada a Egito Gonçalves e a Nuno Rocha Morais. 

Aquele abraço, meio envergonhado por não ter ido ao recente lançamento, na Feira do Livro do Porto, do teu mais recente título: A Cidade das Livrarias Mortas.

Júlio Roldão

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Júlio Roldão

É jornalista desde 1977. Nasceu no Porto, em 1953, e estudou em Coimbra, onde passou, nos anos 70, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) e pelo Círculo de Artes Plásticas (CAPC), tendo, em 1984, regressado ao Porto, onde vive.

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