Caro Stefano Feltri,
De jornalista para jornalista, envio-lhe este postal para o felicitar pelo nascimento do mais jovem jornal italiano, o Domani – que o Stefano dirige -, um diário editado em papel e, obviamente, também em formato digital.
Eu, jornalista português desde 1977, tenho assistido, com grande desgosto, ao desaparecimento de muitos jornais em papel, a pretexto de variadas razões, umas mais inevitáveis do que outras.
Mas também já assisti ao nascimento de jornais em papel, incluindo alguns portugueses que estão a aguentar-se bem e até a afirmarem-se na Imprensa escrita de Portugal como jornais de referência que recusam o sensacionalismo.
Acredito que seja esse o sonho da equipa que vai fazendo o Domani todos os dias e faço votos para que o consigam alcançar – tenho também uma particular simpatia pelo Domani, por ter nascido no mesmo mês do meu neto italiano.
O vosso quotidiano é, desde Setembro de 2020, o meu jornal em Itália. Lembrando-me de um lamento de um querido companheiro desta aventura dos jornais, já retirado mas sempre atento, espero que essa expressão – o meu jornal, o nosso jornal – ainda possa ser usada por alguns leitores e não apenas pelos accionistas, por governantes ou por banqueiros.
Coisas de velhos, como eu, que continuam a gostar de jornais em papel, mesmo não desprezando “tablets” e outros “gadjets”. Quanto mais não seja como suporte para uma aguarela. O papel de jornal, de gramagem baixa, sempre foi muito resistente para aguentar a vertigem das rotativas.
Espero que o “papel” do nosso Domani aguente também todas as outras pressões que se abatem sobre os jornais.
Fraternalmente,
Júlio Roldão