Caro Ricardo Araújo Pereira,
No meio do drama que o Mundo vive a testemunhar, quase em directo, a invasão da Ucrânia pela Rússia, a emissão de ontem do seu programa “Isto é gozar com quem trabalha” (que vi esta madrugada através da Internet) foi uma lufada de ar fresco, corajosa, que sinceramente merece o meu aplauso.
Não é fácil abordar o tema tão presente da guerra, de uma guerra onde uma das partes já falou em “prontidão nuclear”, com humor. Como o Ricardo Araújo Pereira disse, a abrir a emissão, tudo indicava que o melhor seria ficar calado. Excepto, acrescento eu, se for possível olhar para a guerra como o Ricardo conseguiu olhar.
Na verdade, a emissão de ontem de “Isto é gozar com quem trabalha”, o espaço de humor que mantém no canal de televisão SIC, fez mais pelo combate à desinformação reinante do que muitos outros programas virados para esta urgente tarefa, além de ter divertido, o que, sendo difícil e arriscado, é muito importante em momentos como o que vivemos.
Muito mais prudente e muito menos corajoso do que o Ricardo, eu vou limitar-me a recomendar aos meus leitores que vejam o programa, seja na Internet seja através de um serviço de televisão por cabo com a funcionalidade de ver os programas emitidos nos últimos sete dias. Na minha perspectiva, vão divertir-se reflectindo sobre a qualidade de algum jornalismo com muita audiência.
A invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra que tal acto desencadeou são realidades muito assustadoras, em primeira linha, para os ucranianos, mas também para os europeus e até para os restantes povos do Mundo. Basta pensar que existe o perigo do conflito subir ao patamar das ogivas nucleares e de outras bombas atómicas.
Ainda não libertos do sufoco que a pandemia nos impôs, somos, enquanto consumidores de informação, bombardeados com mais desinformação generalizada. Agora sobre a guerra, o que não é nada bom até para a nossa saúde mental. Por tudo isto, o seu “Isto é gozar com quem trabalha” é um bom remédio. Faz-nos sorrir. Melhor, faz-nos rir… E nem sequer é um riso amarelo quando gozamos com o jornalismo da mesma cor.
Obrigado,
Júlio Roldão
28/02/2022