A cavalo dado não se olha o dente

 A cavalo dado não se olha o dente

Feira do Cavalo de Sabariz. (© Câmara Municipal de Castelo de Paiva)

Quando se recebe algo de presente, é indelicado começar a pôr defeitos ao objecto oferecido ou procurar, logo, saber se o presente foi comprado numa loja conceituada ou num vendedor chinês.

A expressão “a cavalo dado não se olha o dente” tem origem nas feiras e nos mercados onde se vendiam cavalos. O vendedor, procurando valorizar a sua mercadoria, mentia muitas vezes quanto à idade do animal. O comprador experiente no assunto, e sempre desconfiado das informações do vendedor, observava os dentes do cavalo para aferir a sua verdadeira idade.

Era um acto legítimo e compreensível por parte de quem comprava, mas indicava desconfiança em relação a quem queria vender. Se o cavalo, em vez de ser comprado, fosse oferecido, já seria extremamente indelicado da parte do presenteado estar a analisar o estado e a idade do animal. Refira-se que a maneira mais tradicional para saber a idade dos equinos é pela observação das suas arcadas dentárias (com seis dentes incisivos em cima e outros seis em baixo) e que um cavalo muda a sua dentição entre os dois e os cinco anos de idade, nascendo dentes amarelados, os quais ficam desgastados com a mastigação e com o passar do tempo.

Créditos de imagens: © Depositphotos.com (incrivel.club)

Este comportamento social é válido para a eventualidade dos cavalos que nos possam dar ou para qualquer outra coisa oferecida, perante a qual devemos manifestar satisfação, mesmo que nos desagrade. Daí a expressão que, na língua inglesa, tem um significado semelhante: “Never look a gift horse in the mouth”. Em Alemão, o mesmo provérbio pode escrever-se assim: “Einem geschenkten Gaul schaut man nicht ins Maul.”

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No entanto, são várias as formas como este provérbio se encontra assinalado na biografia específica e das expressões idiomáticas ou populares, a exemplo de “A cavalo dado não se olha o (ao) dente”, com as variantes “A cavalo dado não olhes o(s) dente(s)”, além de “A cavalo (que é) dado não se abre a boca” e de “A cavalo dado não se olha a muda”, como nos recorda José Pedro Machado, na sua obra “O Grande Livro dos Provérbios”.

27/10/2022

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Vítor Duque Cunha

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