À grande e à francesa
“Viver à grande e à francesa” é uma expressão que teve a sua origem na primeira invasão francesa, em 1807. O general Jean-Andoche Junot, que comanda as tropas napoleónicas, e os seus oficiais superiores chegam a Lisboa, em 30 de Novembro desse ano, e ficam na cidade, aproveitando uma vida de luxo e de ostentação, como também se confirma na página electrónica Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
Junot foi indicado como governador-geral de Portugal e feito duque de Abrantes, em Março de 1808, tendo estabelecido residência e quartel-general no palácio do 2.o Barão de Quintela, na Rua do Alecrim (ao Chiado), na capital portuguesa, enquanto os seus oficiais se instalaram em casas de nobres e da burguesia, exigindo cama, mesa e roupa lavada. Ou seja, durante vários meses, viveram com abundância e muita pompa.
Na sua ostentação, passeavam pavoneando-se pela cidade em uniforme de gala e frequentavam o Teatro São Carlos, rodeados de damas da alta sociedade.
Como invasores e senhores do país, não era difícil fazer exigências e viver uma vida altamente luxuosa, mas queriam mais.
Para tal, Junot e o general Henri-François Delaborde exigiram ao Senado da Câmara de Lisboa uma “gratificação” para protegerem a cidade. A exigência foi aceite e Junot recebeu, no total, 16 contos e 800 mil réis e Delaborde quatro contos, quantias que, para a época, eram autênticas fortunas.
Não admira que, com estas quantias milionárias, vivessem “à grande e à francesa”.
.
20/04/2023