À grande e à francesa

 À grande e à francesa

Escadaria principal do Palácio Quintela, hoje, Palácio Chiado. (© Lisbon Lux – aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.com)

“Viver à grande e à francesa” é uma expressão que teve a sua origem na primeira invasão francesa, em 1807. O general Jean-Andoche Junot, que comanda as tropas napoleónicas, e os seus oficiais superiores chegam a Lisboa, em 30 de Novembro desse ano, e ficam na cidade, aproveitando uma vida de luxo e de ostentação, como também se confirma na página electrónica Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

“The Embarcation of Gen. Junot after the convention of Cintra at Quai Sodre”, Biblioteca Nacional de Portugal. (lisboa-e-o-tejo.blogspot.com)
Quadro de Sónia Domingues intitulado “Farrobodó
e À Grande e à Francesa – Dois ditados populares
nascidos no Palácio”, incluído na Colecção Palácio
Chiado. (soniadomingues.pt)

Junot foi indicado como governador-geral de Portugal e feito duque de Abrantes, em Março de 1808, tendo estabelecido residência e quartel-general no palácio do 2.o Barão de Quintela, na Rua do Alecrim (ao Chiado), na capital portuguesa, enquanto os seus oficiais se instalaram em casas de nobres e da burguesia, exigindo cama, mesa e roupa lavada. Ou seja, durante vários meses, viveram com abundância e muita pompa.

Na sua ostentação, passeavam pavoneando-se pela cidade em uniforme de gala e frequentavam o Teatro São Carlos, rodeados de damas da alta sociedade.

“Junot embaixador em Lisboa” título
de artigo na revista Illustração
Portugueza, edição 165, de 1909.
(hemerotecadigital.cm-lisboa.pt)

Como invasores e senhores do país, não era difícil fazer exigências e viver uma vida altamente luxuosa, mas queriam mais.

Para tal, Junot e o general Henri-François Delaborde exigiram ao Senado da Câmara de Lisboa uma “gratificação” para protegerem a cidade. A exigência foi aceite e Junot recebeu, no total, 16 contos e 800 mil réis e Delaborde quatro contos, quantias que, para a época, eram autênticas fortunas.

Não admira que, com estas quantias milionárias, vivessem “à grande e à francesa”.

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20/04/2023

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Vítor Duque Cunha

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