A “mãe” de todas as ciências
Para os filósofos, o conhecimento de uma qualquer matéria, por mais abrangente que seja, é sempre insuficiente quando comparado como o saber absoluto. “Só sei que nada sei”, a frase atribuída a Sócrates (469-399 a.C.), sintetiza esta posição.
Até finais do século XVII, todos os temas do conhecimento cabiam no âmbito da filosofia, incluindo os que hoje classificamos de científicos. Física, matemática, geometria, astronomia, ciências naturais, medicina e outras, tudo era “Filosofia”. Ainda hoje, em muitos países o doutoramento é referido por PhD (“Philosophical Doctor”), isto é, “Doutor em Filosofia”. Liberta dessas disciplinas, que conquistaram os respectivos caminhos, com recurso a uma importante componente experimental, mas sem se afastar do que delas recolhe ao nível das grandes sínteses, a filosofia reúne, actualmente, um conjunto de temas, por vezes, vagos e pouco acessíveis ao cidadão comum, livres das tecnologias laboratoriais, de campo, e outros que caracterizam a ciência.
Resumidamente, a filosofia diferencia-se da investigação científica, na medida em que, praticamente, não necessita de recorrer a procedimentos experimentais. Foi pensando, especulando, debatendo e trocando ideias, ou seja, dialogando, que, mais de dois mil anos antes de haver esses recursos, nasceu a filosofia.
Note-se que a filosofia não é o que resta do processo de emancipação, de crescimento e de consolidação da ciência moderna. O seu carácter profundamente dinâmico e reflexivo faz dela o patamar mais elevado do génio humano.
Tendo por meta a globalidade do conhecimento, ao nível do absoluto e que, nessa medida, ela se assume como a “mãe” de todas as ciências, a filosofia usa para tal o pensamento, entendido como a expressão mais avançada da matéria após uma evolução de cerca de 13 800 milhões de anos, que se supõe ser a idade do Universo.
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30/11/2023