A sociedade portuguesa trata bem os animais?
Provavelmente conhecedora da afirmação do político pacifista indiano Mahatma Gandhi (1869-1948) de que “a grandeza de um país e o seu progresso moral podem ser julgados pela maneira como trata os animais”, a jovem Cheila Amorim declara ao sinalAberto: “Eu acredito que as pessoas precisam de ter sensibilidade para compreender a forma como os animais comunicam connosco.” A estudante de Marketing e Publicidade considera que se as pessoas fossem mais sensíveis aos comportamentos e posturas corporais dos animais, compreenderiam melhor a sua comunicação e necessidades.
Na perspectiva desta jovem, de 23 anos, residente na freguesia de Massamá, “não se observa o devido respeito nem consideração pelos animais”. Além do abandono dos animais e de outras práticas com as quais não concorda, Cheila Amorim argumenta que, em Portugal, o Ministério Público – representando o Estado e defendendo os interesses que a lei determinar, a exemplo da Lei n.º 92/95, de 12 de Setembro, e da Lei n.º 8/2017, de 3 de Março, a qual estabelece um estatuto jurídico dos animais, reconhecendo a sua natureza de seres vivos dotados de sensibilidade – tem, igualmente, a função de participar na execução da política criminal de todas as violências contra os animais. Porém, a estudante nota que “certas leis ainda estão por aprovar, há muitos anos”.
Assumida protectora e defensora dos animais, a jovem julga inadmissíveis “quaisquer rituais” e violências injustificadas contra animais, “como queimar gatos no Carnaval e nas festas de São João”, sublinhando serem “comportamentos abomináveis que causam sofrimento gratuito nos animais”. “Infelizmente, muitas pessoas ainda persistem nos mesmos procedimentos”, repara a jovem entrevistada.
Para que a justiça prevaleça, Cheila Amorim defende a organização de “um movimento de revolta eficaz”, que conduza à tomada de medidas efectivas para auxiliar os animais. “Deviam ser estabelecidas leis, em Portugal, como a proibição de maus-tratos e a exploração de animais para entretenimento”, reforça, sugerindo a aplicação de castigos ou adequadas “penalidades contra todos os que abandonam os animais ou que cometem outros crimes contra estes seres vivos”.
A jovem estudante ainda assinala outras medidas que, no seu ponto de vista, contribuem para a protecção animal e que deviam fazer parte da legislação portuguesa, tais como “a protecção de espécies ameaçadas e a concessão de apoio financeiro para a melhoria das condições em instituições onde os animais são mantidos”. “Os animais são tratados, frequentemente, como questões de menor relevância, e essa mentalidade tem de ser alterada”, salienta Cheila Amorim.
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24/08/2023