A visita dos direitos (2)
(*)
Mal tinha acabado de falar, a menina da cor do algodão, quase foi atropelada por um menino que entrou a toda a velocidade na sala, numa cadeira de rodas, todo empolgado com a sua aparição. Brrum, brrum… e travou o veículo no meio da sala!
– Olá! Prazer em conhecê-los! Eu sou o direito à educação e a cuidados especiais para crianças com dificuldades físicas ou mentais, portadoras de deficiência!
Empolgados com aquele espetáculo, os alunos bateram palmas, entusiasmados. Mas o menino não tinha acabado o discurso.
– Saibam que todas as crianças portadoras de alguma dificuldade ou deficiência devem receber tratamento, educação e cuidados especiais adequados ao seu caso particular! Todos devem ter oportunidades para desenvolverem as suas capacidades.
A professora sorriu e acrescentou: – Todas as crianças têm capacidades e merecem o apoio de todos. Além disso, as crianças com necessidades especiais são um exemplo para todos, pois, em cada dia, lutam para vencer as suas dificuldades.
Fazendo várias habilidades com a sua magnífica cadeira de rodas, o menino entregou à turma um papel da cor de uma sumarenta laranja que dizia: “Todas as crianças com dificuldades especiais ou portadoras de deficiência têm os mesmos direitos que as outras.”
Depois, fez mais umas piruetas e, antes de sair, ainda disse: – Já agora, lembrem-se que todos os edifícios e transportes públicos devem ter rampas apropriadas às cadeiras de rodas! Lutem para que todos tenham oportunidade para viverem felizes! E não se esqueçam de que é sempre possível fazer mais e melhor!
A professora estava visivelmente contente. Os direitos estavam a fazer um bom trabalho. Os miúdos tinham os olhos sempre presos à porta da sala, na esperança de que entrasse outro direito. Queriam conhecer mais direitos. Aqueles que os tinham visitado, até ao momento, eram mesmo importantes e tinha sido muito divertido conhecê-los. Ao olharem para a professora, perceberam que esta aguardava outra visita.
Então, um menino bem pequenino entrou. Tinha cabelo louro, olhos cor de esmeralda e tez escura. Olhou para todos os meninos da sala e, com a sua vozinha frágil e doce, leu um poema:
O menino com olhos de esmeralda pousou suavemente sobre as mesas um papel com as cores do arco-íris que dizia: “Todas as crianças têm direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.”
E o menino, que nem parecia real, fez uma espécie de magia e dos bolsos tirou frescas e viçosas flores, que arremessou como serpentinas sobre os alunos que as receberam com espanto. Eram flores de muitas cores e variedades, com pétalas de veludo e, curiosamente, como que flutuaram e pousaram levemente nas mãos de todos.
O menino sorriu e, por fim, de dentro da sua casaca feita de arco-íris, tirou um belo girassol. O girassol rodou a sua corola para um e para outro lado e balançou-se dizendo adeus!
Todos ficaram encantados com a beleza daquele direito.
Os olhos da professora brilhavam com o entusiasmo dos alunos e faziam adivinhar que, mais uma vez, algo de muito importante se iria passar.
– Agora, quero apresentar-vos um direito muito especial! De certo modo, vocês já o conhecem, mas há ainda muitas crianças no Mundo que nunca tiveram essa oportunidade.
E dizendo isto, a professora abriu novamente a porta da sala. Então, lado a lado, entraram um menino e uma menina. O menino trazia um livro na mão e a menina, com a sua negra trança ondulando, deslizava radiante no seu skate. Pararam no meio da sala e disseram: – Nós somos o direito à educação e ao lazer infantil!
O menino abriu o livro numa página e leu: “Todas as crianças têm direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória. A educação dará à criança condições de igualdade de oportunidades de modo que possa desenvolver as suas aptidões, a sua individualidade e o seu sentido de responsabilidade para se tornar um membro útil à sociedade.”
– E também é certo que todas as crianças têm o direito de brincar! Há muitas atividades que nos dão prazer e ajudam a crescer. São tantas que nunca mais acabam! Não podemos passar todo o tempo a estudar. Temos de ter tempo para as nossas brincadeiras, em casa ou ao ar livre! – disse a menina.
Depois, a menina deu o skate ao menino e este deu-lhe o livro. Enquanto ele deslizava rápido com o skate, a menina abriu cuidadosamente o livro e, do seu interior, tirou folhas da cor das ervas frescas que entregou aos outros meninos da sala.
Em cada folha estava escrito: “Todas as crianças têm direito à educação gratuita e o direito a brincar, sendo os pais quem primeiramente deve ter a responsabilidade de garantir estes direitos.”
Os alunos e a professora sentiram uma certa cumplicidade. Afinal, estavam na escola, tinham direito à educação e até tinham um recreio onde o direito a brincar também era respeitado.
(continua)
………………….
(*) In “Os Direitos Vão à Escola”
07/11/2022