Ano Novo

Créditos fotográficos: Tom Hill (Pixabay)


Não gosto do fim do ano. Talvez, um tanto influenciado pela minha mãe, que, nestas datas, recordava os seus pais, os meus avós, que já tinham partido em 1973, o ano trágico das nossas vidas!
No entanto, não me posso furtar e passar indiferente à alegria dos jovens, aos abraços, ao fervilhar das pessoas nas ruas, ao relógio contando os segundos em contra-relógio, às badaladas, às luzes e aos fogos de artificio a explodirem nos céus, ao barulho das sirenes, e ao invisível pensamento de que, nalgum recanto do Mundo, alguém se lembra de mim, como eu me lembro deles!
Não há alegrias sem tristezas, assim como não há duas felicidades. Uma delas será inútil… descartável, náufraga, inerte!
Quando olho para trás, para as coisas que já vivi, agradeço à vida o amor dos meus pais, dos meus avós, dos meus irmãos; agradeço o afecto dos meus amigos que sempre retribui sem ânimo de resposta nem de compensação, apenas pela alegria e pela satisfação do conhecimento e da amizade. Agradeço à vida pelo trabalho que sempre me brindou, por ter concretizado projectos que eram sonhos, mas que se tornaram realidades; e pela possibilidade de continuar a sonhar com novos anseios no futuro que me resta.

Violeta Parra (1917-1967), sábia poetisa e folclorista popular chilena, escreveu e cantou Gracias a la vida, uma apologia da VIDA, um poema de amor à vida e ao ser amado… E com estes versos, também cantados por Elis Regina, me despeço deste ano mau, de guerra e de dor, mas sempre com esperança de um ano melhor!

29/12/2022