Ano Novo 

 Ano Novo 

Créditos fotográficos: Tom Hill (Pixabay)

(Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa (1888-1935). (modernismo.pt)

Não gosto do fim do ano. Talvez, um tanto influenciado pela minha mãe, que, nestas datas, recordava os seus pais, os meus avós, que já tinham partido em 1973, o ano trágico das nossas vidas!

No entanto, não me posso furtar e passar indiferente à alegria dos jovens, aos abraços, ao fervilhar das pessoas nas ruas, ao relógio contando os segundos em contra-relógio, às badaladas, às luzes e aos fogos de artificio a explodirem nos céus, ao barulho das sirenes, e ao invisível pensamento de que, nalgum recanto do Mundo, alguém se lembra de mim, como eu me lembro deles!

Não há alegrias sem tristezas, assim como não há duas felicidades. Uma delas será inútil… descartável, náufraga, inerte!

Quando olho para trás, para as coisas que já vivi, agradeço à vida o amor dos meus pais, dos meus avós, dos meus irmãos; agradeço o afecto dos meus amigos que sempre retribui sem ânimo de resposta nem de compensação, apenas pela alegria e pela satisfação do conhecimento e da amizade. Agradeço à vida pelo trabalho que sempre me brindou, por ter concretizado projectos que eram sonhos, mas que se tornaram realidades; e pela possibilidade de continuar a sonhar com novos anseios no futuro que me resta.

A chilena Violeta Parra nasceu em 4 de Outubro de 1917, ano do início da Revolução Russa. (brasildefato.com.br)

Violeta Parra (1917-1967), sábia poetisa e folclorista popular chilena, escreveu e cantou Gracias a la vida, uma apologia da VIDA, um poema de amor à vida e ao ser amado… E com estes versos, também cantados por Elis Regina, me despeço deste ano mau, de guerra e de dor, mas sempre com esperança de um ano melhor!

29/12/2022

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Roberto Merino

Roberto Merino Mercado nasceu no ano de 1952, em Concepción, província do Chile. Estudou Matemática na universidade local, mas tem-se dedicado ao teatro, desde a infância. Depois do Golpe Militar no Chile, exilou-se no estrangeiro. Inicialmente, na então República Federal Alemã (RFA) e, a partir de 1975, na cidade do Porto (Portugal). Dirigiu artisticamente o Teatro Experimental do Porto (TEP) até 1978, voltando em mais duas ocasiões a essa companhia profissional. Posteriormente, trabalhou nos Serviços Culturais da Câmara Municipal do Funchal e com o Grupo de Teatro Experimental do Funchal. Desde 1982, dirige o Curso Superior de Teatro da Escola Superior Artística do Porto. Colabora também como docente na Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, desde 1991. E foi professor da Balleteatro Escola Profissional durante três décadas. Como dramaturgo e encenador profissional, trabalhou no TEP, no Seiva Trupe, no Teatro Art´Imagem, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (UP) e na Faculdade de Direito da UP, entre outros palcos.

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