As navegadoras da esperança

 As navegadoras da esperança

(Créditos fotográficos: Facebook da FPF – rtp.pt)

Há sempre um Cabo da Boa Esperança à espera da nossa determinação, que raramente se transforma em Cabo das Tormentas, porque este povo tem sabido responder a todos os desafios que lhe fazem com a força que resulta do acreditar no seu futuro colectivo.

Mesmo nos piores momentos, como a História conta e prova.

Os navegadores portugueses estão na História do Mundo e preenchem páginas e páginas de viagens, de descobertas, de vitórias, de epopeias, desde a vontade do Homem do Leme, que enfrentou o Mostrengo, até às Rosas de Santa Maria que Gil Eanes transportou consigo, comprovando a sua passagem pelo Cabo Bojador.

Mas os tempos são outros e os Navegadores deram lugar às “Navegadoras” que estão na Nova Zelândia e na Austrália para disputarem, pela primeira vez na história do nosso futebol feminino, um Campeonato do Mundo.

E mesmo que alguns, em Auckland, tenham aproveitado o Mundial feminino para espalhar o terror da morte e distribuir medo pelas forasteiras desportistas, a equipa que tem Portugal ao peito continua determinada em cumprir esta nova campanha de descobertas.

Apesar de um ataque mortal, em Auckland (na Nova Zelândia), o Campeonato Mundial de Futebol Feminino começou com êxito, com um espectáculo de luzes, de música e fogo de artifício, no estádio Eden Park, num acto que destacou as culturas únicas dos Maori, em Aotearoa (ou Nova Zelândia) e dos Povos das Primeiras Nações na Austrália. (Créditos fotográficos: Saeed Khan / AFP – elgrafico.com.ar)

Será outro navegar, com outra esperança, mas com a mesma determinação e com elas vamos nós, de coração aberto à vontade colectiva, também aqui, fazermos História e completarmos uma narrativa de sucesso.

Numa primeira fase, as “Navegadoras” estão a descobrir o futebol feminino da Holanda (ou dos Países Baixos)1, do Vietname e dos Estados Unidos e, depois, se verá se a nau lusitana navegou em boas águas e atingiu um bom porto de abrigo.

No fundo, elas já conquistaram a admiração dos Portugueses e mereceram palavras de júbilo por terem conseguido a viagem e a representação, sabendo que dos fracos não reza a História e que a vontade da nossa alma conjunta é tão grande que estamos prontos a lutar contra ventos e marés, a fim de conquistarmos a admiração de quem nos vê.

Portugal é um País de mar e de luta e a sua gente sabe muito bem que se distingue pela força do trabalho e da determinação em chegar mais longe.

Por isso, esta nova navegação pelo futebol também é de esperança, sabendo a dimensão que temos, mas certos da capacidade imensa do nosso querer e da nossa alma conjunta, capaz de ultrapassar ventos e marés.

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Nota da Redacção:

Na primeira partida futebolística, disputada no domingo (23 de Julho), saiu vitoriosa a selecção dos Países Baixos (vice-campeã do Mundo), com um golo, aos 13 minutos, de Stefanie van der Gragt. Refira-se que, no onze de Portugal, foi novidade a ausência de Kika Nazareth.

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24/07/2023

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Fernando Correia

Fernando Lopes Adão Correia nasceu em 1935. É jornalista, autor e comentador de rádio e de televisão. Começou na Emissora Nacional, aos 19 anos, e passou pelo Rádio Clube Português, pela RDP, pela TSF-Rádio Jornal, pela TVI, pelo jornal vespertino A Capital, pelo jornal O Diário, pelo Record e pelo Jornal de Notícias, com textos publicados em vários outros jornais e revistas. É autor de 43 títulos, entre os quais se destacam os recentes livros: “E Se Eu Fosse Deus?”, “O Homem Que Não Tinha Idade”, “Piso 3 – Quarto 313”, “Diário de Um Corpo Sem Memória”, “São Lágrimas, Senhor, São lágrimas” e “Um Minuto de Silêncio”. O seu próximo livro (a publicar) chama-se “A Mística do Tempo Novo” e é um ensaio filosófico, de auto-ajuda e acerca da construção do Homem Novo. Dos programas que realizou e apresentou na rádio destacam-se: “Programa da Manhã”, “De Um Dia Para o Outro”, “Falar é Fácil”, “Lugar Cativo” e “Bancada Central”, título que, agora, recupera no jornal sinalAberto. Deu aulas de Ciências da Comunicação e de Sociologia da Comunicação no Instituto Piaget, na Universidade Autónoma de Lisboa (como convidado), no centro de formação Palavras Ditas e na Universidade do Algarve (também como convidado).

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