As venturas e desventuras de um Agosto inquieto

(© CNS photo/Vatican Media – omnesmag.com)
Um mês de Agosto, tradicionalmente de férias e de descanso físico e intelectual, transformou-se, neste ano, num mar de inquietações, algumas espirituais e outras materiais, todas elas nebulosas, confusas e preocupantes. Para além dos fogos martirizantes e criminosos que roubaram vida e tranquilidade a muita gente boa.
Factos: um líder partidário assinou uma petição de culpa, com selo de consciência pesada, por não ter comparecido a um encontro com o Papa Francisco, no qual tinha lugar garantido por direito constitucional.
Fez, por escrito, um “mea culpa” dirigido ao chefe da Igreja Católica, tentando retratar-se, mas não se redimir, que terá servido para se reafirmar perante as suas bases de formação católica, desperdiçado o tempo político de as submeter a um escrutínio perfeitamente descabido e irracional.
Francisco é muito mais do que um Papa.
É um mensageiro, um profeta da verdade, uma razão espiritual, um Ser Humano que se levanta por todos e se recomenda por todos, cumprindo a missão do Todo que representa nas vestes brancas do Vaticano, símbolos da pureza que muitos católicos não têm e que muitos padres rejeitaram.
Francisco não é aceite por esses, mas também não precisa deles para que a Igreja recupere credibilidade.

Da mesma forma, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deixou de ser Santa e Misericordiosa, para se transformar, subitamente, num albergue de mentes capitalistas e redutoras que querem transformar uma instituição de auxílio social e de apoio aos mais necessitados, num “ministério” concebido para obter lucros, para criar riqueza, para funcionar de fora para dentro e não de dentro para fora, numa boa aplicação dos dinheiros públicos provenientes de jogos e de jogos e de jogos, desde a lotaria ao Totoloto, passando pelas raspadinhas, pelo Placard e pelo Euromilhões.
Se há má gestão das verbas obtidas é um caso de competência ou de polícia. Mas cortar nos apoios para melhor gerir os lucros, ou para os garantir, não faz qualquer sentido.
São desventuras. De facto, são.
Mas são ainda mais: são lições a ter em conta. Vale a pena meditar no seu significado e extrair conclusões.
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21/08/2023