Baptismo de fogo

 Baptismo de fogo

(© RTP Ensina)

A expressão “baptismo de fogo” significa enfrentar pela primeira vez uma situação muito difícil. Esta frase idiomática está originariamente conectada com a Inquisição. Aos hereges condenados à fogueira dava-se, através do baptismo com água benta, a oportunidade derradeira de salvar as suas almas.

Para a Santa Igreja, este baptismo era um acto de misericórdia e até um “bom negócio” para os condenados, porque, sendo baptizados, estavam a trocar as labaredas eternas do Inferno por um lugar no Purgatório.

Mulher na fogueira durante a Inquisição. (brasilescola.uol.com.br)

Tal era o desejo de salvar estas almas perdidas que, então, faziam tudo para que o pecador colocado na fogueira morresse o mais lentamente possível. Não, não era considerado masoquismo. Era, sim, uma oportunidade adicional para os condenados terem mais tempo para se arrependerem dos seus pecados. Utilizavam, inclusive, foles para afastar as chamas directamente do corpo e atavam o condenado a um poste num lugar acima da fogueira, para este não correr o perigo de morrer asfixiado.

Retrato de Napoleão III (1808-1873), por Franz
Xaver Winterhalter.

O que estes “santos homens” faziam para salvar as almas dos pobres pecadores! Mas, no século XIX, Napoleão III utilizou esta mesma expressão para se referir a outro fogo, o fogo do inimigo. Esta frase foi utilizada pelo primeiro presidente da Segunda República Francesa (Luís Napoleão Bonaparte foi, posteriormente, Imperador dos Franceses do Segundo Império Francês) para se referir aos soldados que entravam em combate pela primeira vez.

Consultando a Wikipédia, lemos que a expressão “baptismo de fogo faz parte do jargão militar referindo-se à primeira experiência de combate de um soldado em batalha. Trata-se de uma frase bíblica, originária das palavras de João Baptista (em Mateus 3:11): “Eu baptizo-vos em água para vos mover ao arrependimento; mas Aquele que vem depois de mim vem é mais poderoso do que eu e não sou digno de Lhe levar as sandálias. Ele baptizar-vos-á com o fogo de Espírito Santo.” Diga-se, ainda, que o pregador São João Baptista (um dos Doze Apóstolos ou principais discípulos de Jesus, de acordo com o Novo Testamento) usava o baptismo como símbolo de purificação da alma, no seu movimento messiânico.

02/02/2023

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Vítor Duque Cunha

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