Com o rei na barriga
Na maioria das monarquias, o cargo de rei é hereditário. Um rei não ter descendentes pode levar a conflitos graves, pela eventualidade de começar a haver vários pretendentes ao trono que se digladiam entre si, causando tumultos civis e até conflitos militares.
Na História portuguesa, houve alguns casos destes que deram origem a mudanças de dinastia.
Por conseguinte, a notícia de que a rainha estava grávida era muito comemorada, dado que era a garantia da linha sucessória ao trono. Quando a rainha estava grávida, era tratada sempre com muito cuidado e atenção, para que nada acontecesse ao descendente que trazia na barriga.
Claro que esta situação dava à rainha muitos privilégios adicionais, já que ninguém se atrevia a fazer algo que a irritasse. E a tendência era fazer tudo o que ela desejasse, satisfazendo todos os seus caprichos. Por vezes, estes privilégios também se estendiam às favoritas reais, quando grávidas do soberano.
Daí até ao ego dessas futuras mães estar nas nuvens ia um passo. Ser o centro das atenções, ainda que de uma forma temporária, fazia-as, muitas vezes, tornarem-se prepotentes, arrogantes, presunçosas.
O significado actual de “ter o rei na barriga” pouco ou nada tem a ver com a gravidez, mas alargou-se a todos os que pensam serem mais importantes do que realmente são, tornando-se assim arrogantes, presunçosos e prepotentes. Com efeito, ao darem tanta importância a si mesmos, vivem “com o rei na barriga”, não admitindo opiniões contrárias.
04/08/2022