Comunicar é preciso!

 Comunicar é preciso!

A comunicação é toda a interacção que ocorre em contexto definido, seja introspectiva, entre agentes e grupos ou em acção pública generalista ou temática.

O pensamento e a sua expressão adquirem assim relevância, quer pelo que traduzem nas emoções e sentimentos do próprio indivíduo, fale-se em atitude de bem-estar, apenas fluência e gosto ou por vezes mal-estar, quer pela influência e consequências que gera no interlocutor unitário ou colectivo.

Ao contrário, a incomunicação é o contrário da comunicação, resultante da falta de competência linguística (oral, verbal ou gestual), bem como da falta de adequação da estrutura personalizada a situações complexas, nomeadamente em estado de crise, em que há falta de reacção ao facto, extemporaneidade do discurso ou desajustamento da fala por incredibilidade ou sofrimento.

Há comunicação que tem por exercício o domínio especulativo

A comunicação pode falhar, porque a terminologia utilizada pode ter uma técnica ininteligível, por serem feitas suposições sobre o significado das palavras desconhecidas ou capciosas, por desatenção, falta de concentração e memória, ou devido aos acidentes de uma mente treinada, em que há tendência para a pessoa se deixar arrastar menos para o que vê mas antes para o que pensa estar a ver.

O domínio público da comunicação assume particular relevância, porque influencia os auditores, leitores e visionários, porque desencadeia diálogo, estigmas e paradigmas, e porque contribui para a construção da designada opinião pública, em sentido digno ou manipulado, valorativa ou pejorativa, em crescendo ou minimizadora.

A comunicação social, como ciência social aplicada, estuda os acontecimentos, factos ou unidades de crise, que surgem na sociedade e justificam dissertação e disseminação no sentido informativo e formativo.

Comunicar implica perguntar, ouvir, responder e explicar

Aqui reside o busílis da questão. Há comunicação que tem por exercício o domínio especulativo, sensacionalista, demagógico ou pervertido, gerador de receitas pecuniárias e inflamação de mentes fragilizadas. E há comunicação que se traduz em selecção e rigor de conteúdos, informação de interesse público e verdadeira formação e educação permanente, a que defendemos.

Comunicar implica perguntar, ouvir, responder e explicar. E implica descobrir o motivo, ter a compreensão partilhada acerca do problema e encorajar o receptor a participar no processo de tomada de decisão.

Comunicar é preciso, porque a liberdade individual, a coesão grupal e o estímulo à acção transformadora são condicionantes da elaboração de juízos de valor, da formulação de atitudes interventivas e do progresso na sociedade, em democracia, justiça social e direitos humanos.

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Hernâni Caniço

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