Conseguiremos salvar o pinguim imperador?
Na Natureza, os pinguins imperadores são daqueles animais de que toda a gente gosta e simpatiza. São os maiores pinguins que existem atualmente na Terra, podendo chegar aos 1,2 metros de altura e aos incríveis 40 quilogramas de peso, o que equivale, mais ou menos, ao peso de uma criança de 11-12 anos. Lembramo-nos de ver estes pinguins a viver no frio gélido do inverno da Antártida, nos inúmeros programas de televisão sobre vida selvagem. Eles são um dos símbolos icónicos da Antártida e da biodiversidade do nosso planeta. Devido às alterações climáticas, os locais onde os pinguins imperadores se reproduzem estão a desaparecer e os habitats onde se alimentam estão a alterar-se. Mais, as previsões dos cientistas para o futuro são as de que as suas populações vão diminuir, com o Comité Científico para a Investigação na Antártida (SCAR) a considerar esta espécie vulnerável. Então, o que podemos fazer para os proteger? Uma das soluções será considerá-los uma espécie especialmente protegida pelo Tratado da Antártida. Este tratado, considerado um dos de maior sucesso mundialmente, reúne mais de 50 países, incluindo Portugal, para fazer da Antártida uma região para a ciência e paz, cooperação internacional e proteção ambiental.
Com os pinguins imperadores – que é considerada uma espécie especialmente protegida –, este tratado permitirá tomar medidas, junto de muitos países, para proteger os locais onde vivem (por exemplo, estabelecer áreas protegidas marinhas, evitar que haja fontes de poluição, não permitir zonas de pesca). No último ano, um grupo de países (incluindo Portugal), no contexto do Tratado da Antártida, desenharam um plano de ação com informação sobre a biologia, a conservação e a vulnerabilidade às ameaças, além de detalhes sobre os acordos já existentes para proteger esta espécie, assente nas melhores evidências científicas existentes.
Estava tudo pronto para termos os pinguins imperadores como uma espécie especialmente protegida, certo? Bem, nas Reuniões Consultivas do Tratado da Antártica (ATCM) deste ano, que decorreram em Berlim, de 23 de maio a 4 de junho, não se conseguiu obter o consenso, entre todos os países, para designar os pinguins imperadores como espécie especialmente protegida, o que causou uma surpresa. A maior parte dos países expressou todo o seu apoio para proteger esta espécie, considerando esta ação como precaucionária, baseada na melhor ciência disponível – o que parece ser o melhor passo a seguir, mas não foi suficiente. As próximas reuniões consultivas do Tratado da Antártida serão em Helsínquia. Conseguiremos salvar o pinguim imperador a tempo?
09/06/2022