Cúmplice(s) do genocídio
O genocídio do povo palestiniano não tem merecido qualquer comentário do Presidente da República. Em boa verdade, Marcelo Rebelo de Sousa não mais voltou a falar da guerra no Médio Oriente, depois de ter dito, ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, que alguns palestinianos “não deviam ter começado”.
As palavras ditas pelo Presidente da República, em Novembro de 2023, no Bazar Diplomático, mereceram a reprovação generalizada e uma manifestação pró-palestina à porta de casa. Os populares gritaram-lhe: “Marcelo aprende a História da Palestina, há 75 anos começou esta chacina!”
Daí para cá, Marcelo Rebelo de Sousa fechou-se em copas. Apesar de, então, ter afirmado: “Não é preciso ser genocídio, basta ser um atentado contra vítimas inocentes, civis, de qualquer das partes. Isso vai contra o direito humanitário”, afirmou, na ocasião, para logo acrescentar: “Até dizia mais: uma democracia tem de actuar no quadro da democracia, mesmo em tempos de guerra.”
O silêncio cúmplice do Presidente da República coloca-o entre todos aqueles que se calam perante o genocídio do povo palestiniano – e é tão grave quanto o daquele que se fez ouvir quando os nazis condenaram à morte milhões de judeus nas câmaras de gás.
A indiferença, covarde, dos líderes e dos governos europeus à ordem para matar de Benjamin Netanyahu é um monstruoso atentado à civilização que propagandeiam, pouco ou nada lhes interessando os 30 mil mortos provocados pela carnificina israelita, entre os quais há 12500 crianças.
O ódio do governo de Netanyahu aos Palestinianos é cada vez mais evidente. Tanto que, perante a ameaça do presidente norte-americano em suspender o envio de armas, logo o criminoso vociferou: “Os soldados vão lutar contra o Hamas ‘com as próprias unhas’”.
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Nota final:
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o alto representante da política externa da União Europeia, Josep Borrell, publicaram uma mensagem na qual denunciam as “inaceitáveis” ordens de evacuação israelitas de vários sectores da região de Rafah. “As ordens de evacuação de civis encurralados em Rafah para áreas inseguras são inaceitáveis”, publicou Charles Michel numa mensagem na rede social X (antigo Twitter) que Josep Borrell republicou na sua própria conta.
Charles Michel pediu ao governo israelita para “respeitar o direito internacional humanitário” e que não avance com uma operação terrestre em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. “Os pontos de passagem devem estar totalmente funcionais e permitir a passagem de ajuda humanitária essencial no meio da grave fome”, acrescentou. A mensagem, tardia, do presidente do Conselho Europeu não vai humanizar o monstro, que o diga António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.
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Nota do Director:
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13/05/2024