Custar os olhos da cara

 Custar os olhos da cara

Pormenor de retrato hipotético de Diego de Almagro, o Velho. (worldhistory.org)

Utilizamos a expressão “custar os olhos da cara” para transmitir a alguém que um dado objecto que comprámos foi muito dispendioso e que tivemos de fazer algum sacrifício – neste caso, financeiro – para o obter.

Uma das versões para esta expressão tem origem em Diego de Almagro, “o Velho”, um conquistador espanhol que viveu entre o último quartel do século XV e o segundo quartel do século XVI (1479-1538).

“Expedición de Almagro a Chile” – quadro do pintor chileno Pedro Subercaseaux. (es.quora.com)

Ao ouvir falar que, no Novo Mundo, havia um povo que comia e bebia em vasilhas de ouro, logo, com o patrocínio do rei espanhol Carlos I, procurou esse povo para se apoderar de tão cobiçado metal, que entregaria à Coroa Real de Espanha.

Plauto (algosobre.com.br)

Porém, ao tentar conquistar uma fortaleza inca, Diego de Almagro, numa luta feroz, foi atingido e perdeu um olho. Após se ter apoderado do ouro inca e de tê-lo trazido para o imperador Carlos I, afirmou na sua presença: “Defender os interesses da Coroa Espanhola custou-me um olho da cara.”

No entanto, esta história de “custar os olhos da cara” é muito mais antiga. Certos povos da Antiguidade tinham o bárbaro costume de arrancar os olhos aos seus prisioneiros de guerra, especialmente aos governantes inimigos. Este costume foi até relatado pelo escritor romano Tito Mácio Plauto (cerca de 254 a.C.–184 a.C.), numa das suas peças de teatro.

Apoderar-se do ouro inca ou deixar-se aprisionar pelo inimigo custava, realmente, os olhos da cara.

26/01/2023

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Vítor Duque Cunha

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