Elefante branco
A existência de elefantes brancos não é uma lenda. Por vezes, nasce um elefante – tal como outros animais, incluindo o homem – que é albino. Por serem raros, estes paquidermes eram, em certos países asiáticos, considerados sagrados. De facto, estes elefantes eram mantidos pelos monarcas como sinal de poder e de garantia de paz e de prosperidade do seu povo. Pelo seu estatuto místico, eram venerados pelas populações e, consequentemente, não era possível utilizá-los em qualquer tipo de trabalho. A sua manutenção era muito dispendiosa, mas não serviam para nada.
Conta-se que, há séculos, na Índia e na Tailândia (antigo Sião, no Sudeste Asiático), quando um cortesão caía em desgraça, o rei ou o marajá oferecia-lhe um elefante branco. Apesar de essa dádiva representar um sinal de bênção, parece um contra-senso, Na realidade, era um presente envenenado, porque a sua manutenção era bastante dispendiosa e esses elefantes não serviam para nada, a não ser tornarem-se um grande incómodo.
O infeliz cortesão caído em desgraça ficava, então, com a responsabilidade de cuidar do animal que, devido ao seu carácter sagrado, não lhe era nada útil. De facto, não o podia pôr a trabalhar nem podia servir de montada nos seus passeios ou deslocações. Porém, tinha o dever de o alimentar e de proteger a sua saúde, até ao fim da sua vida. Esta incumbência podia, mesmo, levar o pobre cortesão à ruína.
Hoje, quando se fala em elefantes brancos não nos referimos a estes dispendiosos animais capazes de levar o seu dono à ruína. Referimo-nos, sim, a projectos caríssimos, a obras que são anunciadas como um grande investimento. A obras que, no papel, até poderiam parecer bons projectos. Contudo, após a sua construção, constata-se que têm pouca ou nenhuma utilidade, continuando, no entanto, através da sua manutenção, a dar enorme despesa.
Existem no Mundo muitos destes elefantes brancos. Portugal não é excepção. Consequentemente, a expressão faz parte das nossas conversas, sobretudo, de forma crítica ou irónica, para indicarmos alguma coisa que é valiosa e muito dispendiosa, embora não tenha qualquer utilidade ou importância prática.
Infelizmente, na política e na vida social e empresarial, o “elefante branco” é – como já referimos – a obra ou o projecto que é criado ou construído e que não possui quase nenhuma utilidade para a sociedade, não obstante os enormes investimentos que envolvem, sem qualquer préstimo.
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09/02/2023