Empreendedorismo: necessidade e oportunidade

 Empreendedorismo: necessidade e oportunidade

Créditos: Priscilla Du Preez (Unsplash)

O empreendedorismo, que tem por consequência a capacidade para gerar o autoemprego, se necessário como primeiro passo para o êxito, implica a capacidade de resolver um problema ou situação complicada. Postula perspicácia, habilidade e coragem para arriscar.

Perspetivado no setor empresarial, não raro conexo com a criação de empresas ou produtos novos, pode surgir como alternativa ao mercado convencional de trabalho através de emprego por conta de outrem, hipótese em que releva o facto de o empreendedor querer estabelecer o seu próprio negócio, que pode, com o tempo e a alocação de recursos, transformar-se em empresa – micro, pequena ou média. Assim, empreender postula identificar oportunidades e transformá-las em negócio lucrativo, pois, se o empreendedor percebe as necessidade dos consumidores, consegue resolver o problema, oferecendo um produto ou serviço que dê experiência de maior qualidade ao cliente, ou seja, que agregue valor – oferta que se pode transformar em negócio.

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O conceito de “empreendedorismo” começou a ser usado pelo austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1945), que publicou a “Teoria da Destruição Criativa” no livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942) – a explicar o empreendedorismo, enquanto criação de produtos, serviços ou empresas inovadoras, em resposta a necessidade do consumidor, percebida pelo empreendedor.

O empreendedorismo é essencial em todas as sociedades, pois é por ele que as empresas buscam inovação, transformando ideias e conhecimentos em novos produtos a colocar no mercado. Assim, a criação de empreendimentos contribui para a economia porque gera riquezas, aumenta a circulação económica e cria mais oportunidades de empregos, como influencia a melhoria da qualidade dos produtos ou serviços que são oferecidos aos consumidores, por meio do aumento da concorrência entre empresas que oferecem serviços parecidos.

O empreendedorismo ganhou nova missão social ao surgir como oportunidade, quando o trabalho por conta de outrem está saturado ou deficitário, obriga a trabalhar em condições inumanas, não garante estabilidade profissional ou não oferece oportunidade a todos, sobretudo aos que não reúnem as condições usuais de acesso. Por outro lado, o empreendedorismo, na sua dimensão social, ajuda a preservar o meio ambiente, pela conscientização dos consumidores sobre hábitos de consumo sustentáveis e pela criação de produtos ecológicos, direcionados à preservação dos recursos naturais.

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O empreendedorismo está ligado à inovação enquanto capacidade de usar a criatividade para criar soluções novas. Mas inovar não é, necessariamente, criar um produto ou serviço. Inovar pode ser encontrar uma forma diferente ou criativa de oferecer os serviços da empresa para ganhar a atenção dos consumidores. Esta caraterística pode ser decisiva para um empreendimento ter destaque num mercado concorrido, ao oferecer soluções mais atrativas que a concorrência.

A inovação requer do empreendedor a habilidade de perceber as necessidades do mercado e dos clientes, e de planear para oferecer os seus serviços, de modo que atendam os interesses do seu público-alvo, ao mesmo tempo que se destaquem no mercado. E pode ser eficiente para criar produtos ou serviços, para ter métodos de produção mais eficazes, para atrair novos clientes, para criar formas simplificadas de organização, para gerar mais publicidade e para melhorar o atendimento ao cliente.

O empreendedor deve sentir-se e apresentar-se dotado das seguintes caraterísticas: capacidade de liderança e bom relacionamento com a sua equipa; rapidez de raciocínio e facilidade para tomar decisões; visão a longo prazo, sem esperar por resultados imediatos; criação de ideias inovadoras; sabedoria para unir criatividade (ideias novas) e praticidade (realizar ideias); construção de boas relações profissionais, saber fazer networking; capacidade de motivação para si mesmo e para a sua equipa; habilidade para fazer planeamento com rigor; busca incessante da melhoria da qualidade do produto ou serviço; e flexibilidade para adaptar os seus planos à realidade.

Créditos: Israel Andrade (Unsplash)

Entre os diversos tipos de empreendedorismo, destacam-se: o intraempreendedorismo, quando o funcionário apresenta ideias ou soluções criativas que ajudem a melhorar um produto ou algum processo da empresa; o empreendedorismo de pequenos negócios, que visa a fidelização e a criação duma relação próxima com os clientes habituais, para garantir o seu lugar no mercado; o empreendedorismo startup, que visa criar novo tipo de negócio para responder a necessidade que não é atendida no mercado; o empreendedorismo social, que é direcionado para o impacto positivo na sociedade, pelo que oferece soluções para melhorar a sociedade, deixando o objetivo de lucro para segundo plano; o empreendedorismo digital, que usa as facilidades da tecnologia para oferecer produtos ou serviços e facilitar a atividade empresarial; e o empreendedorismo verde, o das muitas empresas que visam a sustentabilidade e a proteção ao meio ambiente.

É ainda de distinguir entre empreendedorismo por necessidade e por oportunidade, consoante o motivo que leva a pessoa a empreender. No empreendedorismo por necessidade, a ideia de um novo negócio nasce da falta de outras oportunidades. Acontece, por exemplo, quando uma pessoa está desempregada ou foi despedida e opta por criar um negócio para ter uma fonte de rendimento que possa garantir o seu sustento. Já no empreendedorismo por oportunidade, o empreendedor cria um negócio porque percebe uma necessidade no mercado, vendo nela a possibilidade e a oportunidade de criar o seu próprio empreendimento. Por exemplo, um empreendedor percebe uma falha nos serviços de entrega de comida e cria um sistema que garante a cobertura de toda a área de entrega numa região.

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Em suma, o empreendedor é a pessoa que faz acontecer o empreendedorismo quando percebe a oportunidade de negócio e tem boas ideias para criar empresa e oferecer produto ou serviço de interesse do consumidor. Consegue detetar oportunidades, com boa visão do futuro e com coragem para testar ideias diferentes. Sem capacidade de risco não há empreendedorismo.

19/05/2022

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Louro Carvalho

É natural de Pendilhe, no concelho de Vila Nova de Paiva, e vive em Santa Maria da Feira. Estudou no Seminário de Resende, no Seminário Maior de Lamego e na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi pároco, durante mais de 21 anos, em várias freguesias do concelho de Sernancelhe e foi professor de Português em diversas escolas, tendo terminado a carreira docente na Escola Secundária de Santa Maria da Feira.

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