Fazer o diabo a quatro
“Fazer o diabo a quatro” tem o mesmo significado do que a expressão “fazer trinta por uma linha”. Embora a origem da segunda expressão seja incerta, a primeira tem uma origem clara.
Ambas as expressões significam fazer tropelias ou desacatos, causar grande rebuliço, armar confusão, provocar bagunça. Já a expressão “o diabo a quatro” indica um conjunto de muitas coisas, incomuns ou não, habitualmente enumeradas ou em simultâneo. A este propósito, recorde-se um exemplo registado no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: “Defendeu-se alegando dificuldades financeiras, entraves jurídicos, o diabo a quatro.”
A frase idiomática “fazer o diabo a quatro” (faire le diable à quatre) tem origem em França e provém dos espectáculos teatrais realizados na Idade Média. Nessas representações, muitas vezes realizadas em feiras e em palcos improvisados, havia um número popular de comédia em que entravam em cena o Diabo Lúcifer e três dos seus diabos auxiliares todos caracterizados com rabos, chifres, etc.
Estes quatro diabos provocavam, em palco, enorme algazarra e confusão através das múltiplas tropelias e partidas que faziam aos restantes actores.
Uma outra explicação próxima é a de que, quando uma personagem era surpreendida por pensamentos diversos e confusos, que lhe transmitiam sentimentos vis ou pecaminosos (no contexto da moral cristã), surgiam no palco dois diabos que, a quatro mãos, brincavam com os pensamentos da personagem perturbada aumentando ainda mais a sua confusão ou desordem interior.
O público ria a bom rir das diabruras dos diabos e a expressão, derivada do teatro, “fazer o diabo a quatro” ficou no imaginário popular.
07/07/2022