Gente de “meia-tigela”

 Gente de “meia-tigela”

Créditos fotográficos: Radek Špáta (Pixabay)

Vítor Duque Cunha

(gente.globo.com)

Quando dizemos que alguém é de “meia-tigela”, estamos a denegrir essa pessoa considerando-a de baixo estatuto social ou como sendo um indivíduo grosseiro, reles.

A expressão parece ter origem na monarquia portuguesa. Ao chamado “povo da corte” – ou seja, os criados, os pajens e os oficiais que não moravam no palácio – eram servidas refeições observando as rações então previstas por ordem superior.

Segundo essa indicação, a quantidade de comida servida a cada uma das pessoas era proporcional à função desempenhada. Assim, aos funcionários com cargos mais altos era servida uma tigela inteira, enquanto os de hierarquia mais baixa tinham apenas direito a meia tigela.

(Direitos reservados)

Outra versão que justifica a origem da expressão “meia-tigela” é a de que, sobretudo, os jovens inexperientes e de proveniência humilde eram desprezados pelos mais velhos ou veteranos, que os designavam por “fidalgos de meia-tigela” (alguns deles eram filhos de nobres, mas que não herdaram terras), porque, embora residissem no palácio, não participavam nos rituais importantes da corte. Atendendo a que em alguns desses rituais eram quebradas tigelas, dizia-se que eles, sendo de “meia-tigela”, não tinham o privilégio reservado aos nobres de quebrarem a tigela. 

Há também quem afirme que esta expressão só se usava nas senzalas, que eram os lugares onde moravam as populações escravizadas, idas do continente africano para o Brasil. Conta-se que os escravos que tinham uma tarefa para ser executada em determinado tempo receberiam uma tigela cheia, se a cumprissem. Todavia, a quem ficava no caminho só era dada meia tigela.

(mundoeducacao.uol.com.br)

A página electrónica Ciberdúvidas da Língua Portuguesa regista que, por exemplo, quando “o escravo não conseguia preencher o bucho da mina com ouro [ou seja, não atingia a meta da produção esperada], ele só recebia metade de uma tigela de comida”. Por isso, muitas vezes, “o escravo que com frequência não conseguia alcançar essa meta ganhava esse apelido”.

(www.ensinarhistoriajoelza.com.br)

Logo, ser “meia-tigela” era sinónimo de reduzido estatuto social, de um serviçal de baixa condição.

25/08/2022

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Vítor Duque Cunha

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