Médicos
Os médicos são os únicos profissionais com emprego garantido. Imediatamente, após o fim do curso. No “Público” ou no “Privado”. Ou em ambos. Nenhum deles corre o risco de trabalhar em “call center” ou ser “caixa de supermercado”. Como acontece frequentemente com outros licenciados, que não em Medicina.
São também os únicos profissionais que podem escolher a região ou a cidade onde querem exercer a sua actividade.
Por isso, faltam clínicos no Algarve e no “interior” do país. Apesar de algumas autarquias oferecerem complementos salariais e casas prontas a habitar.
Hoje, poucos são aqueles que, como Fernando Namora, por exemplo, estão motivados para exercer em aldeias do interior de Portugal. Não admira: os médicos são formatados para serem máquinas de fazer dinheiro. Pela sua Ordem e por “médias”, que muitas vezes adquirem em escolas privadas…
Os médicos querem um aumento salarial de 30%. Acho justo, pois apenas os “ceo” da GALP, da EDP, da ALTICE, da BRISA ou o Governador do Banco de Portugal ganham à europeia. Mas também acho injustos os salários auferidos por todos os outros profissionais. Que o digam os investigadores, a maior parte deles com contratos precários; os recém-licenciados que estagiam à borla em escritórios de advogados; os professores deslocados que não conseguem arrendar um quarto; ou os jovens arquitectos pagos mal e parcamente.
Sim, os médicos devem ser aumentados. Tal qual todos os outros trabalhadores, os pensionistas e os reformados. Mas não devem chantagear, e muito menos vestir a bata cúmplice daqueles que há muito ferem de morte o Serviço Nacional de Saúde. Isto é, os sucessivos governantes e gestores públicos às ordens dos hospitais privados.
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06/10/2023