Natal

Sem-abrigo no Porto é “um problema grave”. (© Amin Chaar / Global Imagens – dn.pt)
Agora, as ruas e praças do País, que são as casas dos sem-abrigo, estão cheiinhas de luzes. Muitas têm árvores de Natal gigantes e presépios vistosos. Mas eles, os nove mil sem-tecto, continuam lá: à entrada das lojas dos bancos e dos edifícios das classes mais abastadas.

Deitados em camas de papelão e cobertos por farrapos que não os protegem do frio gélido destes dias de Dezembro. Os seus braços leves, ressequidos, famintos na ausência das coisas, envergonham-nos a todos. Aos que deviam cumprir o artigo 65.o da Constituição da República Portuguesa, que diz: “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.” E a nós, que não os obrigamos a respeitar a lei fundamental do País.
26/12/2022