Novos ambientes de trabalho
Por “melhores condições de trabalho”. Foi com esta exigência pública que os trabalhadores norte-americanos reunidos na cidade de Chicago levaram a cabo, a 1 de maio de 1886, a expressão da decisão assumida dois anos antes no congresso que reuniu sindicatos de vários setores. O objetivo central era a redução da jornada de trabalho — que em certos casos chegava às 15 e mais horas — para 8 horas. Na greve geral de 1 de maio de 1886 participaram cerca de 340 mil trabalhadores. Houve prisões e alguns foram mortos. Mas começava ali uma nova história das relações laborais e dos direitos dos trabalhadores que haveria de alastrar-se, gradualmente, um pouco por todo o mundo.
Irónica e paradoxalmente, parece que estamos a perder o terreno conquistado. À margem das boas leis que protegem direitos, impõem-se hoje relações informais entre empregadores e empregados que se traduzem em mais horas de trabalho não pago, na precariedade laboral e em baixos salários.
Nos supermercados, como em Bragança, a máscara ou a viseira passou a ser um dos requisitos. Os corredores, antes repletos de clientes e conversas de ocasião, estão agora vazios e limitados. No Supermercado Transmontano a entrada é limitada a três clientes. Os restantes ficam à porta, esperando pacientemente.
A gerente de uma loja do grupo da Sonae trabalha a partir de casa, gerindo a sua equipa que voltou ao trabalho sem atendimento ao público. Em Coimbra, o atendimento é feito através de um vidro, que protege cliente e funcionário.
Um gestor de qualidade do setor metalúrgico continua a exercer as suas funções à distância.
Ruben Martins, responsável pelo P24 do jornal Público, levou o estúdio para casa e, como toda a redação, está em teletrabalho.
Um gestor de qualidade do setor metalúrgico continua a exercer as suas funções à distância.
Ruben Martins, responsável pelo P24 do jornal Público, levou o estúdio para casa e, como toda a redação, está em teletrabalho.
Com o encerramento das Universidades, Politécnicos e Escolas, os estudantes ficam em casa. Os quartos foram transformados em escritórios e o computador tornou-se numa extensão do seu próprio corpo.
O som das cadeiras foi substituído pelas notificações das aulas que os esperam no Zoom. O “toc toc” das teclas do computador preenche o silêncio que impera em muitas casas.
A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua –
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário –
Este é o meu maio!
Sou camponês – Este é o meu mês.
Sou ferro –
Eis o maio que eu quero!
Sou terra –
O maio é minha era!
Vladimir Maiakovsky