Obrigado, senhor ministro!
Exmo. Senhor Dr. Fernando Medina, ilustre ministro das Finanças do XXIII Governo de Portugal,
Esta minha carta só tem um objectivo: agradecer-lhe o facto de estar a preparar a minha a integração na pequeníssima lista daqueles que compõem a “burguesia” e são bafejados pela riqueza.
Tal acontecerá em breve, em 2024. Apesar da minha condição de jornalista, que, segundo os entendidos em classificações sociais, apenas me dá direito a pertencer à chamada “classe média”. E de não ter fortuna, nem títulos aristocráticos.
Sou um proletário, pois. Um plebeu que depende do seu salário, que é cada vez mais parco. Por via do aumento dos bens alimentares, dos preços dos combustíveis e de outras coisas que tais…
Por todas estas razões, foi com total (boa) surpresa que tomei conhecimento de que V. Ex.ª se prepara para me incluir entre aqueles que vão pagar mais Imposto Único de Circulação Automóvel (IUC).
Pelo simples facto de ter um automóvel com matrícula anterior a 2007, que é aquele que posso ter, sendo certo, também, que não tenho condições para comprar um veículo novo. Mesmo que o fizesse através de 120 suaves prestações.
Eu sei da bondade da sua proposta. E, também, sei que o XXIII Governo está fortemente empenhado em sacar dois milhões de cidadãos à ameaça de pobreza que paira sobre as suas/nossas vidas.
Este anunciado aumento do IUC, que me põe a pagar mais imposto do que se tivesse um carro novinho em folha, faz parte da estratégia de V. Ex.ª, que nos livrará de tal desgraça.
Agradeço-lhe que tenha esse objectivo. Político, social e ambiental, pois, sabe-se, os “velhinhos” libertam muitos gases nocivos.
Por tão nobres razões, eu, português, jornalista, mais de 60 anos de idade, que esperei ansiosamente para ter o privilégio de integrar a pequeníssima lista dos “burgueses” e bafejados pela riqueza, só posso dizer: – Obrigado, senhor ministro!
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P.S.: Expresso ainda a minha solidariedade com V. Ex.ª perante aqueles que o acusam de, no próximo ano, querer encaixar 212,1 milhões de euros com as receitas provenientes do imposto de selo, do imposto sobre veículos (ISV) e do já aqui falado IUC, de acordo com a proposta de Orçamento de Estado para 2024 (OE2024). Uma maldade que não lhe assiste. Naturalmente.
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Nota do Director:
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23/10/2023