Presidente feliz com lágrimas

 Presidente feliz com lágrimas

Rui Costa celebra pela Selecção Nacional, em 24 de Junho de 2004, com uma vitória sobre a selecção inglesa. (Créditos fotográficos: Tony Marshall via Reuters)

“Este é um título do Benfica e pelo Benfica. Não é contra ninguém, é pelo Benfica […] E continuaremos a pugnar pela valorização do futebol português e a lutar contra o habitual clima de crispação.” A afirmação é de Rui Costa, na hora de festejar o 38.º título de campeão nacional de futebol e o seu primeiro como presidente do Sport Lisboa e Benfica. Um presidente feliz com lágrimas, que, na hora do triunfo, fez uma dedicatória especial a Fernando Chalana (1959-2022), o seu ídolo: “Este título também é teu.”

Rui (Manuel César) Costa (nasceu a 29 de Março 1972) pertence à “Geração de Ouro” do futebol português, sob a batuta do treinador Carlos Queiroz. E é uma das mais brihantes estrelas de uma constelação contituída por Fernando Couto, Luís Figo, João Vieira Pinto, Paulo Sousa, Emílio Peixe, Jorge Costa e Vítor Baía.

Nascido na Damaia (freguesia do município da Amadora), Rui Costa começou a jogar, aos cinco anos de idade, no Damaia Ginásio Clube e, aos nove, tentou a sua sorte no Benfica. Bastaram 10 minutos para Eusébio (1942-2014) ficar impressionado com a técnica do miúdo, a qual foi confirmada nos anos seguintes e nas diversas categorias em que actuou. Em 1990, foi emprestado, por uma temporada, à Associação Desportiva de Fafe, que, então, actuava na Zona Norte da Segunda Divisão. Regressou ao Benfica, conquistou uma Taça de Portugal (1992-93) e sagrou-se campeão nacional em 1993-94.

Rui Costa, enquanto jogador da Fiorentina, principal clube de futebol
da cidade italiana de Florença, na região da Toscana. (br.pinterest.com)

Logo a seguir, protagonizou uma transferência milionária para a equipa italiana da Fiorentina (Associazione Calcio Firenze Fiorentina), pela mão de Manuel Barbosa, empresário turístico e “primeiro empresário FIFA”, português de Braga e apaixonado pelo Benfica. Barbosa, que faleceu em 2014, vítima de doença prolongada, fez entrar nos, então, depauperados cofres benfiquistas 1,2 milhões de contos, cerca de seis milhões de euros.

Florença foi a casa de Rui Costa por sete anos. Ao serviço da Fiorentina, conquistou duas Copas da Itália (Coppa Italia) e uma edição da Supercoppa Italiana. Foi, por diversas vezes, o melhor “10” do futebol transalpino, pese embora a concorrência de Zinedine Zidane, da Juventus. Apesar do êxito em Itália, onde também jogou no Milan (Associazione Calcio Milan, frequentemente abreviado como AC Milan), Rui Costa nunca deixou de ter “coração vermelho” e de amar o Benfica. Intensamente. Tanto que, a 13 de Agosto de 1996, chorou após marcar o golo da vitória da Fiorentina, no “amigável” disputado no Estádio da Luz, que assinalou o início dessa temporada.

Rui Costa também actuou no AC Milan. (Créditos fotográficos: Jack Beresford – planetfootball.com)

Rui Costa regressou ao Benfica 10 anos depois, em 2006.  “O Maestro” rescindiu o acordo que o ligava ao AC Milan e retornou à Luz, a custo zero. Assinou contrato em branco e Luís Filipe Vieira compensou-o com um vencimento anual de 500 mil euros.

Em 2008, passou a ser director desportivo do clube do seu coração. Devem-se a ele as contratações dos argentinos Pablo Aimar e Javier Saviola, dos espanhóis José Antonio Reyes (Calderón)1, que não vingou, e Javi García, que agora integra a equipa técnica de Roger Schmidt, e do brasileiro Ramires.

Rui Costa terminou a carreira de jogador em 2008, com a camisola do Benfica (Créditos fotográficos: Marcos Borga/Reuters – rr.sapo.pt)

Em Junho de 2021, assumiu provisoriamente a liderança do Benfica, após a detenção de Luís Filipe Vieira. A 21 de Setembro, anunciou a sua candidatura à presidência. Foi eleito com 84,48% dos votos, no dia 9 de Outubro. Anunciou, nessa altura, que o seu grande objectivo era a conquista do “38”. Assim aconteceu no último domingo. Rui Costa é um presidente feliz com lágrimas. “Il maestro”, no futebol e na vida, que há muito está nos corações dos adeptos e dos sócios do Benfica. E de (quase) todos os Portugueses.

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Nota:

1 – José Antonio Reyes Calderón (1983- 2019). Reyes morreu no dia a 1 de Junho de 2019, num brutal acidente de automóvel. O Mercedes Brabus, que conduzia, saiu da estrada, capotou e incendiou-se de seguida. Também faleceram dois primos do futebolista.

Fonte consultada: Wikipédia

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01/06/2023

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Soares Novais

Porto (1954). Autor, editor, jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP). Publicou o romance “Português Suave” e o livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”. É um dos autores portugueses com obra publicada na colecção “Livro na Rua”, que é editada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Tem textos publicados no "Resistir.info" e em diversos sítios electrónicos da América Latina e do País Basco. É autor da coluna semanal “Sinais de Fogo” no blogue “A Viagem dos Argonautas”. Assina a crónica “Farpas e Cafunés”, na revista digital brasileira “Nós Fora dos Eixos”.

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