Quais os desafios de um cuidador pessoal?

Susana Silva tem 47 anos, nasceu em São Sebastião da Pedreira (antiga freguesia do município de Lisboa) e é técnica de óptica. (Direitos reservados)
Susana Silva, de 47 anos, é cuidadora pessoal (ou informal) e admite ser uma tarefa que requer muito tempo e dedicação. “Tomar a responsabilidade de uma pessoa que, aos poucos, vai perdendo a sua mobilidade e autonomia é um desafio. Com o passar do tempo, a nossa memória apresenta cada vez mais falhas e, infelizmente, a tendência é para piorar”, refere esta lisboeta, que se profissionalizou como técnica de óptica.
O dia-a-dia de um cuidador pessoal engloba muitas actividades, “desde dar banho, mudar a fralda, fazer a barba, ajudar a sentar e a levantar, ajudar a vestir e a despir, dar de comer, entre outras funções”, como enuncia Susana Silva.
No entanto, apesar de os cuidadores passarem a maior parte do seu tempo a ajudar os outros, a nossa entrevistada sente que não têm o reconhecimento devido. “Acredito que algumas pessoas têm noção do trabalho de um cuidador pessoal. Contudo, acho que os cuidadores ainda são vistos como aqueles que não fazem mais do que a sua obrigação. Principalmente, quando cuidam de familiares, como é o meu caso, que cuido do meu pai”, declara Susana Silva, descontente com a situação.
“O acesso aos lares, por exemplo, devia ser muito mais facilitado, mas parece-me que só quem tem posses é que consegue pagar estes serviços”, comenta a cuidadora informal Susana Silva
Para esta cuidadora informal, cidadã que presta cuidados permanentes ao seu pai, o qual se encontra numa situação de total dependência, a solução passa – sem esquecer a necessidade de uma verdadeira rede de apoio domiciliário – por se incrementar mais instituições dedicadas, única e exclusivamente, a estas pessoas, a par das já existentes, embora insuficientes, estruturas residenciais ou de acolhimento.
A propósito, Susana Silva relembra que os idosos e muitos indivíduos em situação de dependência já foram trabalhadores que contribuíram activamente para o desenvolvimento do país. Por isso, perfilha a ideia de que “deviam usufruir os últimos anos das suas vidas em instituições que lhes oferecessem boas condições, com profissionais especializados e com valores adaptados aos rendimentos de cada família”. “O acesso aos lares, por exemplo, devia ser muito mais facilitado, mas parece-me que só quem tem posses é que consegue pagar estes serviços”, critica a cuidadora informal Susana Silva.
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10/08/2023