Que mundo?
“[…] Inequality may be inevitable. But in the most fundamental, moral sense, all human beings are equal.”
(FAREED ZAKARIA in Ten Lessons for a Post-Pandemic World)
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Já ninguém repete um dístico que apareceu em Itália nos alvores da pandemia: Andrà tuttto bene. (Por cá, como certamente o leitor se recorda, traduzimo-lo com um Vai-ficar-tudo-bem). Também já ninguém dissimula o óbvio: a dificuldade em suportar a fadiga pandémica.
A muitos já falta a vontade de negar o que tem sido evidente. Ou de imaginar que pode haver uma saída à vista. Todavia, há quem tenha vivido este difícil e doloroso tempo sabático a refle(c)tir. Já se publica sobre aquilo que temos de perceber, e que a pandemia evidenciou.
Um bom exemplo: Fareed Zakaria e as suas Dez Lições, de que existe já tradução portuguesa. Embora não “desenhe” o Mundo-que-há-de-vir, o autor elucida-nos sobre o que este Mundo continha e que estes tempos de pandemia acabaram por revelar. Em poucas palavras: A persistência da Fragilidade humana e a estóica capacidade (igualmente humana) de enfrentar a Adversidade.
A grande lição, afinal, será a de que: Não-pode-ficar-tudo-na-mesma. Não será inevitável, mas impõe-se passar deste momento ainda de Grande PAUSA (já não se pode dizer de PARAGEM total) para um momento de Grande VIRAGEM.
Há sinais. Aliás, animadores. Pela primeira vez, em decénios, a ideologia, no sentido que Schumpeter lhe dava (i.e. de ‘ideias que perpassam na psicologia do público’), começa a desconfiar das virtudes da Desigualdade associada à Liberdade, sobretudo económica. Uma nova ideologia começa a impor-se de modo acelerado pela pandemia. Ou seja, impõe-se um retorno urgente ao ideal (moderno e antigo) de Igualdade. Como?
Os insondáveis caminhos deste Mundo não desembocam necessariamente naquilo que são os desejos emancipatórios da Humanidade. A História não é um processo pré-determinado.
Todavia, a experiência recente, suscita uma esperança: a de que um imperativo moral seja tido permanentemente em conta por todos – governantes e governados. Como sugere justamente Fareed Zakaria esse imperativo consiste simplesmente em assumir que “(…) todo os seres humanos são iguais.”
Tudo, no entanto, está por dizer e ainda por fazer.
A cada sobressalto sobrevem por norma um ímpeto que renova as forças precisas para o enfrentar. Desta vez, como aconteceu ao longo dos tempos, tudo indica que não será diferente. Precisamos realmente de uma Grande VIRAGEM. Precisamos mesmo de repensar o modo de viver: em Liberdade, em Igualdade, em Fraternidade.
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17/07/2021