Quem protege o confinamento domiciliário?

 Quem protege o confinamento domiciliário?

O mundo invadiu as pessoas que se protegeram dele. Afinal, que autoridades protegem o nosso espaço pessoal?

O desconfinamento é crescente mas com regras definidas. Há um limite de pessoas para um conjunto que se pode reunir apenas em função de características determinadas e respeitando necessidades específicas.

Tentando não ser obsessiva, obrigo-me a ser rigorosa na prática do desconfinamento. Como na lei, algumas regras ficam sujeitas à interpretação de cada um… Eu desisti de explicar a minha.

Coloco as minhas questões quando há um convívio, uma reunião ou uma atividade com pessoas com as quais não convivo regularmente. Quando as respostas não me deixam confortável, agradeço o convite; fico honestamente triste, porque tenho saudades de “viver”; mas recuso educadamente e apelo à melhor compreensão de quem ainda tem paciência para exigências.

No cômputo geral, esta gestão tem sido positiva – muito embora se me assome como um pouco inacreditável esta necessidade da vida em comunidade ter uma orientação tão individual. Mas, para mim, não é extraordinário… Afinal, mesmo no pré-pandemia, vivendo com mais, a vida não era já de cada um?

O mais difícil de gerir é, realmente, o “fique em casa”.

Fico, claro. Sem reclamar, apesar da mágoa de viver a partir de uma condição que não decidi. Só aceitei. Mas e tudo o mais que agora vive comigo, parecendo não aceitar o confinamento imposto ao resto?

Agora, a minha casa é o meu local de trabalho. No meu espaço, cumpro também as tarefas que me são atribuídas, tenho reuniões, faço apresentações e até precisei de um refeitório.

O meu pequeno espaço é ainda uma avenida comercial. Saio do computador da empresa para o pessoal, compro meias, agendo reparações informáticas e peço comida. E cada uma das lojas tem alguém que liga, porque não encontra a minha casa e quer entregar o que pedi.

É que não era mesmo suposto o meu espaço ser encontrado. Era meu e de quem o meu coração chamava para cá estar. Não o meu dinheiro.

O mundo está agora na minha casa e é perigoso, sobretudo em tempo de pandemia.

E eu não sei que autoridades me podem proteger de tanto em tão pouco espaço.

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Patrícia Troca

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