Rosa eterna

 Rosa eterna

(record.pt)

Rosa Mota foi a Riga, capital da Letónia, bater o recorde do Mundo da meia-maratona para a sua categoria. A eterna menina da Foz do Douro correu os 21,097 quilómetros em 1.26.06 horas. A nossa Rosinha completou 65 anos a 29 de Junho e superou a marca da norte-americana Christine Kennedy, que era de 1.31.38 horas e tinha sido obtida a 1 de Abril deste ano na Polónia. Rosa logrou o 12.º lugar na corrida World Athletics Road Running, apenas superada por atletas de escalões etários muito mais baixos.

Rosa Mota bate recorde mundial. (expressodooriente.com)

A campeã começou a ganhar o direito à eternidade em Atenas, capital da Grécia, em 1982, durante o Campeonato Europeu de Atletismo. Ali, correu a primeira maratona feminina da história do atletismo e venceu-a. Desde então, não mais parou de ocupar os lugares cimeiros. Em 1984, na primeira maratona olímpica que decorreu em Los Angeles, nos Estados Unidos da América (EUA), ganhou a medalha de bronze. O seu recorde pessoal da distância foi conseguido em 1985, na Maratona de Chicago, com o tempo de 2 horas, 23 minutos e 29 segundos.

Em 1986, Rosa Mota sagrou-se campeã da Europa. Em 1987, foi campeã mundial em Roma. No ano seguinte (1988), ganhou o ouro olímpico em Seul (Coreia do Sul), quando a dois quilómetros da meta atacou Lisa Martim, ganhando com treze segundos de avanço. Venceu a Maratona de Boston por três vezes e, em Split (na Croácia), manteve o título de Campeã Europeia da Maratona, superando Valentina Yegorova por escassos segundos de vantagem.

Em 1988, Rosa Mota ganha o ouro olímpico em Seul, na Coreia do Sul. (Créditos fotográficos: Lennox McLendon – sicnoticias.pt)

Até 2005, a conquista da maratona por três vezes em campeonatos europeus de atletismo, tanto feminino como masculino, é um seu feito, exclusivo. Retirou-se das competições em 1992. Depois de ter sido obrigada a abandonar o Campeonato Mundial de Atletismo em Tóquio (no Japão), um ano antes e de, em Londres, não ter conseguido terminar a maratona, por via da ciática que a importunava. Disputou 21 maratonas entre 1982 e 1992, numa média de duas maratonas por ano e ganhou 14 dessas 21 corridas.

Rosa Mota é a primeira portuguesa campeã olímpica. (Créditos fotográficos: Mike Powell/Allsport – olympics.com)

A nossa Rosinha entrou no Olimpo em 1982 e não mais o abandonou. Prova-o o seu recente triunfo em Riga e a longa maratona da amizade e solidariedade que é a sua vida. O título de Embaixatriz do Desporto, outorgado pelas Nações Unidas, justifica a sua forma singular de ser. Um exemplo: em 2004, promoveu a maior corrida feminina em Portugal, com o objectivo de arrecadar fundos para combater o cancro da mama. Participaram 10 mil mulheres e a iniciativa foi coroada de êxito. Amada pelo povo, condecorada nacional e internacionalmente, Rosa Mota é uma atleta e cidadã exemplar, que nos enche de orgulho. Obrigado, Rosa eterna!

.

05/10/2023

Siga-nos:
fb-share-icon

Soares Novais

Porto (1954). Autor, editor, jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP). Publicou o romance “Português Suave” e o livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”. É um dos autores portugueses com obra publicada na colecção “Livro na Rua”, que é editada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Tem textos publicados no "Resistir.info" e em diversos sítios electrónicos da América Latina e do País Basco. É autor da coluna semanal “Sinais de Fogo” no blogue “A Viagem dos Argonautas”. Assina a crónica “Farpas e Cafunés”, na revista digital brasileira “Nós Fora dos Eixos”.

Outros artigos

Share
Instagram