Saiu-te a carta na farinha Amparo?
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Quem já cá anda há uns anitos é provável que tenha, como eu, comido muita farinha Amparo. Como medida de incentivo ao seu consumo, cada embalagem trazia sempre um pequeno brinde para as crianças, que, já em meados do século XX, se alegravam, por exemplo, com os bonecos monocromáticos que aí encontravam e que coloriam ao seu gosto.
Um dos brindes de grande sucesso era uma pequena reprodução de uma carta de condução. Havia até embalagens que anunciavam explicitamente que, no seu interior, se oferecia uma carta de condução.
Como todos observamos, sobretudo quando andamos na estrada, há por aí alguns condutores que são uns autênticos aselhas. Talvez não tenham nascido para realizar a tarefa de condução de veículos. Talvez tenham faltado a muitas aulas para tirar a carta ou nem tenham tido necessidade de as frequentar porque tiveram a sorte de a carta lhes sair na farinha Amparo.
A verdade é que, ainda hoje, quando vemos algumas manobras efectuadas por alguns condutores, logo dizemos ou pensamos que a carta de condução que essa pessoa tem lhe deve ter saído na farinha.
Uma outra expressão relacionada é “trigo limpo, farinha Amparo”. Esta frase terá surgido de um “slogan” de um anúncio radiofónico. Admitindo que a farinha é feita de trigo e que saía sempre um brinde na embalagem, tudo se apresentava de forma simples, transmitindo a ideia de algo fácil de conseguir: “Trigo limpo, farinha Amparo!”
Há muito tempo, não vejo à venda embalagens de farinha Amparo, que se tornou uma marca intemporal. Talvez já não se fabrique, mas o nome ficou numa expressão popular e no imaginário dos Portugueses. Assim se vê a força de uma boa publicidade. Como lemos na respectiva página electrónica, a Amparo está de volta “com novas soluções de farinha para a indústria” e com novas linhas de produtos, enquanto “negócio de proximidade”.
19/01/2023
