“Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes!”
Castelo de Abrantes (whotrips.com)
Esta frase tem origem na Primeira Invasão Francesa, que foi comandada pelo general Junot, tendo chegado a Lisboa depois de um longo e penoso percurso. Como Portugal, aliado da Inglaterra, não obedeceu ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão, ao abrigo do decreto de 21 de Novembro de 1806, que obrigava ao fechamento dos portos a qualquer navio inglês (forma encontrada para levar a Inglaterra à rendição), Bonaparte ordenou a invasão de Portugal.
Em 1805, o general Junot invadiu o país. A 23 de Novembro de 1807, entrou em Abrantes a vanguarda do exército francês de ocupação, tendo-se instalado nesta antiga vila ribatejana para preparar a tomada de Lisboa.
Embora o general estivesse em Abrantes, grande parte do seu exército, nomeadamente a artilharia, estava muito atrasada devido às péssimas estradas que tinha encontrado no seu caminho. Transportar canhões, mantimentos e restantes apoios logísticos por estas estradas era um verdadeiro suplício, o que fez atrasar o exército invasor. Durante cinco dias, o quartel-general de Junot foi em Abrantes.
Neste período, o Governo, em Lisboa, não fazia absolutamente nada no sentido de deter o exército francês. Talvez por achar inútil a resistência naquele momento, D. João VI, príncipe regente, preparava a fuga da sua corte para o Brasil, uma vez que não era desejável para Portugal que o rei fosse capturado pelos Franceses.
No entanto, o príncipe regente inteirava-se diariamente da situação do exército inimigo. A resposta, no decurso daqueles cinco dias, era sempre a mesma: “Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes!”
Depois, como é sabido, o exército francês marchou em direcção a Lisboa. Porém, quando chegaram à capital, o rei e a sua corte tinham partido, na véspera, para o Brasil.
Mesmo assim, a Junot foi, meses mais tarde, concedido por Napoleão Bonaparte, o título de duque de Abrantes.
Os tempos passaram, mas a frase “Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes!” ficou, como sinónimo de permanecer tudo na mesma, de não haver qualquer alteração ou de nada ter mudado.
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06/07/2023
