Um futuro sem Ocidente?

 Um futuro sem Ocidente?

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Em 1953, em Nova Iorque, um diplomata holandês, Jacopus Gijsbertus De Beus, publica uma reflexão sobre as teses de Danilevski, Spengler e Toynbee acerca do declínio da “civilização ocidental” para dilucidar o Futuro, The Future of the West, que trata do Futuro do Ocidente e do Mundo, porém. (O livro também será traduzido para a língua portuguesa com um título óbvio, O Futuro do Ocidente, em 1954).

O tema do declínio “ronda” desde o século XIX as percepções do DEVIR histórico. Ciclicamente emerge (de repente ou de mansinho) e encontra sempre uma Cassandra disponível para o acolher e glosar com novas ou com as mesmas tonalidades de sempre.

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J. G. De Beus, contudo, busca o que naqueles anos de confronto ideológico entre sistemas-civilizações de Oeste e de Leste são as “forças criativas” que assistem a uma “civilização ocidental”. Em suma, numa época em que as “massas” dominam já cabalmente o curso de muitos acontecimentos como não sobrestimar ou subestimar as características que permitiram em cerca de cinco séculos a ascensão da Europa e do Novo Mundo criado pelos europeus?

Talvez tudo se resuma a uma fórmula simples: a “civilização ocidental” deu curso a duas pulsões. A pulsão da LIBERDADE. A pulsão da DIVERSIDADE. E daí emergiu uma inusitada “força criativa” persistente.

Na História da Humanidade muito provavelmente nada será eterno, mas na História Universal dos Declínios também tudo é provavelmente lábil, precário. Mas quando a Liberdade existe à solta nunca mais deixa de existir. Persiste mesmo latente. Tanto a Ocidente como a Oriente (e a Norte e a Sul). Tentar impedir a Liberdade de moldar os caminhos do Homem, construir diques que pretendam conter o ímpeto dessa “massa” que só quer escorrer livre e de muitas maneiras pode ser uma tarefa vã.

O Mundo mesmo que de modo ainda imperceptível aspira a ser Uno, Diverso e Livre.

A “força criativa” que emana desta grande aspiração não pode ser exterminada. Pode talvez ser temporariamente contida. Mas voltará. E voltará sempre. Pode pois intuir-se, lendo De Beus, ou estando apenas atento, que nada está terminado. Tudo recomeça. Tudo recomeçará, apesar da vontade de alguns homens mais ou menos poderosos. (Lembram-se dos poderosos da Babilónia? como dizia F. Pessoa). Quer aqui quer em… Hong Kong…

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25/07/2020

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Joaquim Feio

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