O que se não diz da imigração

(Créditos fotográficos: Mostafa Meraji – Unsplash)
A “política de portas abertas” à imigração foi o resultado de encontrar mão-de-obra muito barata para substituir a dos trabalhadores portugueses com direitos alcançados por muita luta. Não admira que, de forma primária, estes olhem os imigrantes como uma “ameaça”, tal como há um século se revoltavam contra os “amarelos”1.

O que mais importa denunciar – e já vai com atraso – é isto mesmo. E que, hoje, são os mesmos que querem “fechar portas”, por terem mão-de-obra excedente e para que, com a clandestinidade de imigrantes, estes se sujeitem a salários ainda mais miseráveis. Não é um discurso “paternalista” e muito menos repetir o slogan neoliberal para justificar, nesse momento, a “política de portas abertas”, de que eles são necessários para fazer o trabalho que os outros não querem… Isto é o que se não diz, pelo menos assertivamente, sobre a imigração. Como esperam que os trabalhadores portugueses reajam? Que trabalho não querem fazer? O de salários de 500 ou de 600 euros (quando não menos), precário e, muitas vezes, sem contrato? Esse é o lado para que os “sobre-exploradores” melhor dormem. Acordai!

Nota:
1 – Designação dada pelos grevistas de há um século para os chamados fura-greves.
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01/09/2025