Asteroide 2024 YR4 já não constitui uma ameaça para a Terra

A NASA partilhou o seu novo relatório de medição sobre a probabilidade de o corpo celeste detectado no ano passado atingir a Terra a 22 de dezembro de 2032. (trt.net.tr)
A 27 de Janeiro, o 2024 YR4 gerou verdadeira preocupação, quando se tornou o único asteroide de grandes dimensões com uma probabilidade de impacto superior a 1%.
Inicialmente, as probabilidades de impacto eram de 3,1%, mas, graças às últimas medições orbitais, os astrónomos reduziram esse valor para uns insignificantes 0,0034%, dissipando quaisquer preocupações até à data.

Depois de semanas de incerteza sobre o possível impacto do asteroide 2024 YR4 e de idas e vindas sobre o seu risco de colisão, a agência espacial norte-americana Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA) atualizou os seus cálculos, a 25 de fevereiro, e reclassificou-o para o nível zero, na Escala de Turim, o que significa risco zero de colisão com o nosso planeta.
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(en.wikipedia.org)
A Escala de Turim é uma ferramenta usada por astrónomos para avaliar os riscos de impacto de asteroides e cometas na Terra. Foi criada, em 1999, pelo professor Richard P. Binzel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e recebe o nome da cidade italiana de Turim, onde foi apresentada pela primeira vez.
Essa escala vai de zero a 10, onde zero indica risco nulo ou quase nulo, e 10 representa uma colisão certa com consequências catastróficas em escala global. A escala considera dois fatores principais: a probabilidade de impacto e a energia cinética do objeto.
A Escala de Turim está dividida nas seguintes categorias principais: “branco” (0), sem risco de impacto; “verde” (1), com probabilidade de impacto extremamente baixa; “amarelo” (2-4), para eventos que merecem atenção aumentada, mas com baixa probabilidade de impactar a Terra; “laranja” (5-7), que representa ameaça séria, pelo que requer monitorização contínua; e “vermelho”, que representa impacto certo com consequências devastadoras.

O asteroide foi descoberto, a 27 de dezembro de 2024, por um telescópio financiado pela NASA em Rio Hurtado, no Chile, porque teve uma “aproximação” à Terra no Natal, de acordo com o Centro de Estudos NEO da NASA (CNEOS). Na altura, os cientistas disseram que era difícil prever se o asteroide iria ou não colidir com a Terra.

Embora a dimensão exata do asteroide ainda não possa ser confirmada, os cientistas estimam que o seu tamanho se situará entre os 40 e os 90 metros, sendo a maior estimativa, aproximadamente, da mesma altura que a estátua da Liberdade de Nova Iorque. E, se atingisse a Terra, fá-lo-ia com a força de 500 bombas atómicas, podendo destruir várias cidades.
A NASA nomeou, como países potencialmente “em risco”, por serem possíveis alvos, os seguintes: a Índia, o Bangladesh, o Paquistão, a Etiópia, a Nigéria, a Venezuela, a Colômbia e o Equador, bem como o Sudão, grande país africano com área aproximadamente equivalente, no total, à França, à Espanha, à Suécia, à Noruega e à Alemanha. Este país africano tem, ao longo dos anos, experimentado inúmeros incidentes com meteoritos. Uma das suas experiências mais recentes remonta a 2008, quando o asteroide 2008 TC3, com 4,1 metros de diâmetro, explodiu a cerca de 37 quilómetros acima do Sudão, com fragmentos espalhados pelo “deserto da Núbia”.

Um meteorito é um fragmento de um asteroide ou cometa a mover-se no espaço. Uma vez que entra na atmosfera da Terra, pode dividir-se em pedaços mais pequenos, à medida que queima, criando um meteorito. Os 600 estilhaços de meteoritos que atingiram o Sudão, até agora – são coloquialmente chamados de “Almahata Sitta” –, também proporcionaram a oportunidade para os cientistas preverem, com sucesso, uma colisão de asteroides, antes de entrarem, pela primeira vez na atmosfera da Terra, embora o local previsto para a colisão tenha sido a alguma distância do local do impacto final.

frente ao telescópio que descobriu o asteroide 2008 TC3, o qual deu
ao meteorito. (planetary.org – meteoritos.com.br)
O despenhamento do “Almahata Sita” atraiu uma onda de investigadores a esta terra em busca de fragmentos, cada um contendo milhares de microdiamantes e outros minerais preciosos.
Os cientistas classificaram o 2024 YR4 com o valor de três em 10 na Escala de Turim, a escala que o CNEOS utiliza para avaliar o nível de ameaça potencial do impacto de um asteroide na Terra. Nenhum outro asteroide observado tem classificação superior a zero, segundo o CNEOS.
A NASA afirmou, no seu blogue de defesa planetária, que vários asteroides subiram na lista de risco “e acabaram por descer, à medida que foram chegando mais dados”, o que significa que o asteroide pode vir a ser reclassificado como tendo risco zero.

sala do Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt,
Maryland. (pt.wikipedia.org)
A NASA informou que vai continuar a observar o asteroide até abril, sendo que, depois disso, estará demasiado longe da Terra, até junho de 2028.
O risco de colisão pode aumentar ou continuar a diminuir, durante este período, à medida que os cientistas compreendem como a Terra estará a rodar no momento do impacto.
O Telescópio Espacial James Webb determinará o tamanho exato do asteroide, em março de 2025, para esclarecer a probabilidade de uma colisão, disse a NASA. Se o nível de ameaça aumentar, as respostas de emergência, em todo o Mundo, serão alertadas para o risco de impacto e receberão o apoio do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra da Agência Espacial Europeia (ESA). E as agências espaciais poderão também efetuar missões de defesa planetária.
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Segundo os dados da agência espacial norte-americana, conhecidos a 19 de fevereiro, o asteroide 2024 YR4 tinha mais de 3% de hipóteses de atingir o planeta, em 2032, o que fazia dele o asteroide mais ameaçador alguma vez detetado. Aliás, os dados sugeriam que o asteroide, se atingisse a Terra, representaria um risco para algumas das regiões mais densamente povoadas do Mundo. Poderia, provavelmente, atingir uma área ao longo de um “corredor de risco” que a NASA identificou como estendendo-se pelo Leste do Oceano Pacífico, Norte da América do Sul, Oceano Atlântico, África, Mar Arábico e sul da Ásia.

Entre as cidades que se encontram nesta trajetória estão Bogotá, na Colômbia, cuja área metropolitana alberga mais de 11,6 milhões de pessoas, a área metropolitana de Bombaim, na Índia, que tem uma população de 18,4 milhões de habitantes, e Daca, no Bangladesh, onde vivem mais de 23,9 milhões de pessoas.
A agência espacial norte-americana aumentou o risco de o asteroide atingir o planeta em 2032, para 3,1%, o que o torna no “asteroide com maior risco alguma vez detetado”. Este valor é superior ao alerta de 2,3% de probabilidade emitido há pouco tempo.

do impacto, em 2022. (Créditos fotográficos: NASA/Johns Hopkins APL
– cnnbrasil.com.br)
A NASA reviu em alta o risco de colisão depois de ter recolhido mais informações sobre a órbita do asteroide. E a ESA estima a probabilidade de colisão em 2,8%, o que representa um nível de ameaça superior ao do asteroide Apophis, em 2004. Inicialmente, pensava-se que atingiria a Terra em 2029, mas esta teoria foi rejeitada com mais investigação.
Em 2022, a missão DART da NASA colidiu, intencionalmente, com o pequeno asteroide Dimorphos e alterou, com sucesso, a sua trajetória orbital, segundo informou a agência.
A ESA lançou a sua missão Hera, em outubro de 2024, para regressar ao local do acidente da missão DART e recolher dados. Estes dados serão utilizados para ajudar a formar um sistema de defesa planetária contra futuras ameaças de asteroides.
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O 2024 YR4 é um asteroide próximo da Terra, o que significa que a sua órbita o traz para a região terrestre do Sistema Solar. Estima-se, como se disse, que tenha entre 40 e 90 metros de diâmetro – aproximadamente, a mesma largura que a torre inclinada de Pisa – e tinha hipótese, ainda que pequena, de atingir a Terra, a 22 de dezembro de 2032. A rocha espacial, que tinha, até à semana anterior a 25 de fevereiro, a maior probabilidade de impacto alguma vez registada, deixou de ser uma ameaça, porque, com as últimas observações, os especialistas da NASA concluíram que já não representa um risco para o nosso planeta.

À medida que os astrónomos foram aprendendo mais sobre a trajetória do 2024 YR4, a percentagem e as correspondentes probabilidades de impacto diminuíram para um valor verdadeiramente insignificante de um em 26 mil, ou seja, existe a probabilidade de 99,9961% de a rocha espacial passar pela Terra, sem causar quaisquer danos. Por isso, a NASA já não considera que o 2024 YR4 represente uma ameaça para o planeta.
A 20 de fevereiro, o asteroide passou do nível 3 (amarelo) para o nível 1 da Escala de Turim (nível verde). O seu estado atual, ou seja, o nível zero, assinalado a branco, como zona não perigosa, tranquiliza, mais uma vez, o Mundo, pois a monitorização contínua da sua trajetória orbital, a pequena probabilidade de intercetar a Terra, dentro de alguns anos, motivou uma miríade de artigos, de reportagens, de vídeos e de entrevistas.

É perfeitamente normal que as probabilidades de impacto de um asteroide mudem ou oscilem, à medida que ficam disponíveis mais dados sobre a sua órbita, e o que se esperava era que o 2024 YR4 reduzisse as hipóteses de nos atingir na sua aproximação, em 2032, para quase zero e bem abaixo do nível zero na Escala de Turim. Especificamente, uma hipótese de um em 26 mil significa que há apenas 0,0034% de possibilidades de impacto, de acordo com o Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra da NASA no Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena, na Califórnia, nos Estados Unidos da América (EUA).
No entanto, o seguimento por telescópio vai continuar. Podemos não ver esta rocha espacial nos cabeçalhos dos jornais, mas aprendemos algo pelo caminho. O importante é que os astrónomos disponham de ferramentas que lhes permitam detetar estes objetos, muito antes de passarem pelo nosso planeta, e que é provável que tais deteções se tornem mais comuns no futuro. E, embora o 2024 YR4 já não seja objeto de discussão pública ou sequer digno de nota, continuará a ser de interesse científico, quando passar perto da Terra, em 2028, e, novamente, em 2032.
Também a ESA concluiu que o asteroide 2024 YR4 não representará uma ameaça para a Terra, em 2032 e nos anos seguintes, depois de os últimos cálculos terem reduzido para 0,001% a probabilidade de impacto. Os cientistas excluíram, quase por completo, qualquer ameaça de um asteroide que poderia atingir a Terra, em 2032, numa das regiões mais populosas do Mundo.

(scimag.news)
A probabilidade de o recém-descoberto asteroide 2024 YR4 atingir a Terra chegou aos 3%, atingindo o topo das listas mundiais dos asteroides que representavam risco para a Humanidade.
Entretanto, a ESA baixou as probabilidades para 0,001%.
Já a NASA, baixou-a para 0,0000384%, o que significa que o asteroide passará em segurança pela Terra, em 2032, e que não haverá qualquer ameaça de impacto durante o próximo século.

da NASA. (planetary.org)
Paul Chodas, que dirige o Centro de Estudos de Objetos Próximos da Terra, da NASA, disse à Associated Press (AP) que não há qualquer hipótese do aumento das probabilidades, nesta altura, e que foi excluído um impacto em 2032. “Esse é o resultado que esperávamos desde o início, embora não pudéssemos ter 100% de certeza de que isso aconteceria”, disse num e-mail à AP.
Porém, ainda há 1,7% de hipóteses de o asteroide atingir a Lua, a 22 de dezembro de 2032, segundo a NASA, mas Chodas espera que as probabilidades deste impacto também diminuam.
Os telescópios do Mundo continuam a seguir o asteroide, à medida que se afasta de nós, com o Telescópio Espacial Webb a fazer zoom, para determinar a sua dimensão para o próximo mês. Espera-se que desapareça de vista, dentro de um mês ou dois.
“Embora já não represente um risco de impacto significativo para a Terra, o 2024 YR4 proporcionou uma oportunidade inestimável” para estudo, afirmou a NASA, em comunicado.
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E a ciência avança nas suas descobertas e na sua missão de ajuda à Humanidade.
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27/02/2025