Atrás de tempos…

 Atrás de tempos…

(Créditos fotográficos: DAVIDSON L U N A – Unsplash)

Há coisas em que é a idade que terá a culpa de eu não acompanhar os tempos. Será o caso do modo como olho para as tatuagens por todo o corpo, os piercings na língua ou as rastas no cabelo. Mas esforço-me para aceitar tudo isso na normalidade de terceiros, como um direito igual ao meu: uns gostam, outros não.

(Imagem gerada por IA –  firefly.adobe.com)

Há outras que se é a idade que me impede de compreender, ainda bem que sou velho. Não quero normalizar a falta de compaixão, nem o ódio, nem a perda de identidade por detrás de um avatar. Muito menos o egotismo materialista e não ter princípios para ficar “por cima”. E creio que, daqui a 50 ou a 60 anos, os jovens de então também não irão aceitá-lo. São ciclos. Até lá – e lá não estarei –, o mais que posso fazer é não me viciar nos meus preconceitos, mas manter-me firmemente agarrado aos meus valores. Não troco estes pela própria juventude, eterna que ela fosse para mim.

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31/07/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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