Avelino Tavares: o senhor do “Mundo da Canção”

Avelino Tavares e Arnaldo Trindade. (Foto recente de Manuel Valdrez)
As cerimónias fúnebres de Avelino Tavares (1938-2023), falecido no recente domingo, realizam-se a partir das 15h00 de hoje (28 de Setembro), no Cemitério do Prado do Repouso (ou Cemitério Oriental do Porto), ao Largo do Padre Baltazar Guedes.
Editor, divulgador cultural, produtor de festivais e de espectáculos, Avelino Tavares fundou a mítica revista Mundo da Canção, em 1969.
Avelino Tavares foi, com o editor discográfico Arnaldo Trindade (nascido em 1934), um dos grandes responsáveis em trazer para a praça pública nomes como José Afonso, André Sarbib, Fausto Bordalo Dias, Carlos Paredes, José Mário Branco, Sérgio Godinho e Samuel, entre outros.

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Como produtor de espectáculos, criou o Festival de Jazz do Porto, o Praia Blues, o Intercéltico do Porto, o Gaia Blues Festival ou o Matosinhos Jazz. Leo Ferré, Paco de Lucía, Gal Costa, Astor Piazzola, Miles Davis, Rui Veloso, Pablo Milanés e Cesária Évora foram alguns dos monstros que trouxe à cidade do Porto.
Autor de vários livros, Avelino Tavares teve na criação da revista Mundo da Canção a sua obra maior. A MC cessou a sua publicação em 1985, mas ressurgiu em 1991, numa nova série de edições temáticas.
Com lugar cativo na memória da comunidade cultural da “Invicta”, ficaram ainda os “Convívios MC”, na Galeria Alvarez*1, fundada pelos pintores Jaime Isidoro (1924-2009) e António Sampaio (1916-1994). A sessão inaugural contou com a presença de Manuel Freire. Nos “Convívios MC” estiveram presentes grandes figuras das artes plásticas, como Maria Helena Vieira da Silva.

Avelino Tavares nasceu na freguesia de Pinheiro da Bemposta, em Oliveira de Azeméis, mas instalou-se no Porto na juventude, cidade onde viveu durante quase toda a sua vida, com excepção de um período, na década de 60, em que estudou na cidade francesa de Poitiers. Tavares amava intensamente o Porto e, sobretudo, os músicos marginalizados pela ditadura comercial dominante. Tanto que, em 1981, abriu no centro da cidade a MC Discoteca, uma loja de discos que e se tornou um ponto de encontro e de convívio dos melónamos portuenses.
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Nota:

1 – José Cândido Dominguez Alvarez (1906-1942) nasceu no Porto. Filho de um português com ascendência galega e de uma natural da cidade de Pontevedra (na Galiza, Espanha), foi um nome maior do segundo modernismo luso. Em 1936, adquiriu a nacionalidade portuguesa para escapar à Guerra Civil Espanhola (1936-1939). Depois de estudar no Porto e na Galiza, inscreveu-se no curso de arquitectura da Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1926. Porém, dois anos mais tarde, transitou para o curso de pintura, que terminaria apenas em 1940, com a classificação de vinte valores. A Galeria Alvarez, fundada por Jaime Isidoro e António Sampaio, em 1954, é “a mais antiga galeria de arte portuguesa em actividade e sem interrupção de funcionamento”. Actualmente, tem três espaços na cidade do Porto: na Avenida da Boavista (n.º 707), na Rua Miguel Bombarda (n.º 572) e na Rua da Alegria (n.º 117), onde se instalou pela primeira vez.
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28/09/2023