Eva não tinha cofre da mãe

 Eva não tinha cofre da mãe

Eva Kaili (© European Union 2022)

A senhora Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu (PE), não sabia da “existência do dinheiro” – 150 mil euros – encontrado pela polícia na sua casa, em Bruxelas. Foi o que disse o seu advogado Michalis Dimitrakopoulos à agência noticiosa AFP.

Kaili está implicada num escândalo de corrupção e encontra-se atrás das grades, por alegado favorecimento ao Catar na realização do “Mundial” (FIFA World Cup Qatar 2022) que, ontem (domingo, 18 de Dezembro), chegou ao fim.

Foram desvendadas contas bancárias dos envolvidos, em paraísos fiscais, no maior escândalo de corrupção da história do Parlamento Europeu. (greeknewsondemand.com)

Uma coisa é certa: os 150 mil euros encontrados no seu apartamento na capital belga são uma ninharia, se se tiver em linha de conta que os investigadores encontraram mais 900 mil euros nas casas do seu companheiro, Francesco Giorgi (tido como um experiente Conselheiro Parlamentar na área de Relações Exteriores e Direitos Humanos), e do seu pai, Alexandros Kaili. O italiano Pier Antonio Panzeri, antigo deputado e actual assistente parlamentar, também é acusado de ter sido abençoado pelos beneméritos catarianos com 600 mil euros.

Segundo, o jornal la Reppublica, o companheiro de Eva Kaili, explicou à polícia como era processada a lavagem do dinheiro: “Através de Organizações Não Governamentais [ONG].” (mynewsgh.com)

O caso “Qatargate” valeu a Kaili ser acusada de participação numa organização criminosa, de branqueamento de capitais e corrupção. Tal acusação ditou o seu afastamento do cargo de vice-presidente do PE pelo plenário, depois de ter sido conhecida a sua detenção. Sem apelo nem agravo. A decisão foi aprovada por “625 votos a favor, um contra e duas abstenções”.

Segundo, o jornal la Reppublica, o companheiro de Kaili, explicou à polícia como era processada a lavagem do dinheiro: “Através de Organizações Não Governamentais [ONG].”

E Francesco Giorgi foi mais longe: as ONG utilizadas como lavandarias são a Sem Paz Sem Justiça, dirigida pelo também italiano e lobista Niccolò Figà-Talamanca, e a Fight Impunity (associação contra a impunidade e pela justiça de transição)fundada pelo ex-eurodeputado Panzeri, também detido pelas autoridades belgas. Este ex-eurodeputado italiano é, igualmente, acusado de receber subornos para fazer lóbi a favor de Marrocos.

(Foto retirada da conta do Instagram de Francesco Giorgi)

Os próximos passos do “Qatargate” dir-nos-ão se Kaili, entretanto expulsa do PASOK (Movimento Socialista Pan-Helênico ou Pan-Helénico), sabia das manobras que o seu advogado apenas atribui ao seu companheiro (pai da sua filha, com o qual estabeleceu um acordo de coabitação) e comparsas. Para já, uma coisa é certa, no apartamento de Bruxelas, a eurodeputada grega não tinha ao seu dispôr o cofre da mãe

19/12/2022

Siga-nos:
fb-share-icon

Soares Novais

Porto (1954). Jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. “Diário de Notícias”, “Portugal Hoje”, “Record”, “Tal & Qual” e “Jornal de Notícias” (JN) são algumas das publicações onde exerceu o seu ofício [Fonte: “Quem é Quem no Jornalismo”, obra editada pelo Clube de Jornalistas, em 1992]. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi delegado sindical e dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) [no biénio de 1996/97, sendo a Direcção do SJ presidida por Diana Andringa], da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) e membro do Conselho de Redacção do JN, do qual foi editor-adjunto do “Gabinete de Reportagem” e do “Desporto”. É autor do romance “Português Suave – Cuidado com cão” [1.ª edição “Euroedições”, em 1990; 2.ª edição “Arca das Letras”, em 2004], do livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”, da peça de teatro “E Tudo o Espírito Santo Levou” e da obra para a infância “A Família da Gata Pintinhas”. É um dos autores portugueses com obra publicada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Actualmente, integra a Redacção do jornal digital “sinalAberto”.

Outros artigos

Share
Instagram