IA: a ignorância admirável?

 IA: a ignorância admirável?

(Créditos de imagem: Antonio Mello – sindpdce.org.br)

Por várias vezes, tenho-me deparado com a estupidez da chamada inteligência artificial. Vou dar um exemplo simples para não falar de outras questões no âmbito da literatura.

(youtube.com/@cortes-leonenilceoficial)

Perguntei: “Quem foi José Maria Pedroto?” Resposta: “José Maria Pedroto foi um jogador e treinador de futebol que […] entre outros, treinou o FC [Futebol Clube] do Porto, o Vitória de Setúbal e o Benfica.” Perguntei logo de seguida: “Em que ano jogou ou treinou José Maria Pedroto no Benfica?” Resposta: “José Maria Pedroto nunca jogou ou treinou no SL [Sport Lisboa e] Benfica.” Nem o mais mentiroso, estúpido ou ignorante, em menos de 15 segundos, falharia e estava incompleto na primeira resposta.

José Maria Pedroto (bolanarede.pt)

No Boavista, a IA diz que José Maria Pedroto conquistou a primeira Taça de Portugal para aquela equipa. O que será uma geração que se restringe às consultas no ChatGPT?

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24/11/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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