Marco

 Marco

Fotojornalista Marco (1936-2024). (DR – oparedense.pt)

(Direitos reservados)

Reencontro-me com “Ribeira Douro”, o livro assinado por Marco, pintor e fotojornalista, que foi meu camarada na Redacção do Jornal de Notícias (JN).

É um reencontro feito com dor. Mesmo que, agora, já não sinta o horror provocado pela notícia da sua partida, transmitida por José Viale Moutinho – amigo comum, poeta e prosador maior.

Armando José Moreira (1936-2024) – que se fez Marco, em homenagem ao torrão natal onde nasceu: freguesia de Cete, no concelho de Paredes – foi um daqueles homens que nunca foram meninos, como assinalou Soeiro Pereira Gomes (1940-1949).

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Adoptou o nome de Marco, em
homenagem ao torrão natal onde nasceu:
freguesia de Cete, no concelho de Paredes.
(Direitos reservados)

Foi trabalhador rural, aprendiz de balcão, estudante na então Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, licenciando-se, depois, no curso de Artes Plásticas / Pintura, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, em horário pós-laboral e com notas altas.

A nossa Amizade não se fez à custa de salamaleques. Ambos não cultivávamos tal estilo. Nasceu no trabalho que partilhávamos no JN – a nossa casa comum.

Devo ao Marco a visita guiada à obra de Sónia Delaunay. A artista plástica que, fugindo da Primeira Guerra Mundial, foi viver, com o marido (Roberto) e o filho (Charles), em Vila do Conde, numa casa a que chamaram La Simultané.

E devo-lhe, também, ter conhecido as entranhas da serra da Freita, que une Arouca, Vale de Cambra e São Pedro de Sul, em trabalho de reportagem do qual resultou uma onda de solidariedade dos leitores para com um casal de octogenários, que eram os únicos habitantes de uma aldeia sem água e sem luz.

(DR – Câmara Municipal de Paredes – novumcanal.pt)

Ter um amigo é um bem, um tesouro. E um desses meus tesouros é o Marco. Desculpa, só agora, mais de um ano depois da tua viagem, aqui o registar em letra de forma…

Fotografia da autoria de Marco, incluída no álbum “Ribeira Douro”. (Direitos reservados)

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Nota final:

(Direitos reservados)

Além de “Ribeira Douro”, Marco assinou outros álbuns. Um deles recheado com um texto de Agustina Bessa-Luís (1922-2019). Pode encontrá-los em alfarrabistas virtuais e físicos. Folheá-los é um belíssimo encontro com a arte poética do fotojornalista que se notabilizou como Marco.

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18/08/2025

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Soares Novais

Porto (1954). Jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. “Diário de Notícias”, “Portugal Hoje”, “Record”, “Tal & Qual” e “Jornal de Notícias” (JN) são algumas das publicações onde exerceu o seu ofício [Fonte: “Quem é Quem no Jornalismo”, obra editada pelo Clube de Jornalistas, em 1992]. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi delegado sindical e dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) [no biénio de 1996/97, sendo a Direcção do SJ presidida por Diana Andringa], da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP) e membro do Conselho de Redacção do JN, do qual foi editor-adjunto do “Gabinete de Reportagem” e do “Desporto”. É autor do romance “Português Suave – Cuidado com cão” [1.ª edição “Euroedições”, em 1990; 2.ª edição “Arca das Letras”, em 2004], do livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”, da peça de teatro “E Tudo o Espírito Santo Levou” e da obra para a infância “A Família da Gata Pintinhas”. É um dos autores portugueses com obra publicada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Actualmente, integra a Redacção do jornal digital “sinalAberto”.

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