Maria João Pires: “Imperiale”

 Maria João Pires: “Imperiale”

(mariajoaopires.com)

Maria João Pires (Lisboa, 1944) foi galardoada com o “Praemium Imperiale”1 – a mais importante distinçãoartística internacional do Japão, que, na sua 35.ª edição,  também premiou mais quatro personalidades, pelo seu contributo internacional nas Artes e na Cultura: a artista francesa Sophie Calle, a escultora colombiana Doris Salcedo, o arquitecto japonês Shigeru Ban e o realizador taiwanês Ang Lee. A pianista junta-se, assim, ao arquitecto português Álvaro Siza Vieira (Matosinhos, 1933), que recebeu o “Praemium Imperiale” em 1998.

O “Praemium Imperiale” consagra, anualmente, os cinco melhores dos melhores e é atribuído pela Associação de Artes do Japão, com sede em Tóquio. O prémio distinguiu a pianista pela sua dedicação “ao envolvimento da comunidade e da educação na sua prática”.

Tal empenho levou-a a fundar o Centro de Estudos Artísticos de Belgais (no distrito de Castelo Branco), em 1999. E os coros Partitura, na Bélgica. Em Portugal e no país sede da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o objectivo de Maria João Pires era bem claro: desenvolver coros para crianças e para adultos de meios rurais.

(© Belgais Center for Arts – facebook.com)

Em Belgais, a pianista abriu a sua quinta ao Centro de Estudos Artísticos, no Verão de 2000. Contou com o apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco, do governo central e de fundos europeus, através do Programa Interreg2, mas tudo se desmoronou nove anos depois. A falta de apoios e o arresto de bens ditaram o seu fim.

(© Belgais Center for Arts – facebook.com)

Maria João Pires passou a viver no Brasil, na Região Metropolitana de Salvador, no estado da Baía. O exílio da pianista ficou a dever-se “a ter sofrido muito ao tentar implementar o seu projecto em Portugal”, segundo declarou, então, à Antena 2.

Infelizmente, a vida e obra Imperiale de Maria João Pires3  é bem mais conhecida internacionalmente do que entre nós. Muito por culpa de uma imprensa sempre lesta a divulgar os feitos de outros artistas. Prova-o a escassa atenção dada a este “Praemium Imperiale”.

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Notas:

1 – Sophie Calle (Paris, 1953), artista conceptual francesa, venceu na categoria de Pintura. A artista plástica colombiana, Doris Salcedo, em Escultura; o realizador taiwanês, Ang Lee, em Teatro/Filme e o arquiteto japonês Shigeru Ban foram os outros distinguidos. Os prémios anuais são entregues pelo príncipe Hitachi (irmão mais novo do imperador Akihito), presidente da Associação de Arte do Japão, numa cerimónia no salão Meiji Kinenkan, em Tóquio. Cada um dos laureados deste ano recebe uma medalha de ouro e um prémio em dinheiro no valor de 15 milhões de ienes japoneses (96 mil euros). Um prémio adicional de cinco milhões de ienes (32 mil euros) foi atribuído no âmbito de uma bolsa para jovens artistas, que foi atribuída ao Komunitas Salihara Arts Center, em Jacarta. Fundado em 1995, o Centro de Artes Komunitas Salihara é o primeiro complexo cultural privado da Indonésia dedicado à promoção da expressão comunitária, através de uma grande variedade de meios artísticos.

2 – “O Interreg Europe é um programa de cooperação inter-regional que promove o intercâmbio de experiências, a partilha de conhecimento e a transferência de boas práticas entre autoridades regionais e locais e diversos atores de relevância regional de Estados Membros da União Europeia (UE), Noruega e Suíça. O seu objetivo é apoiar projetos nos quais diferentes parceiros trabalham em conjunto para melhorar instrumentos de política pública de apoio a uma área temática comum (e.g. investigação, mobilidade, saúde). Neste domínio, é privilegiada a atuação sobre instrumentos integrados nos programas da Política de Coesão da UE. De forma a estruturar esta atuação, no âmbito de cada projeto, é desenvolvido e implementado um plano de ação para cada uma das regiões envolvidas, envolvendo diversos atores regionais relevantes. (sic)” (Fonte:  Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte – CCDR-N)

Maria João Pires foi distinguida com prémio Gramophone, em 2015,
na categoria “Concerto”. (lusoamericano.com)

3 – Maria João Pires recebeu o prémio Gramophone, em 2015, na categoria “Concerto”,  pela sua interpretação dos concertos para piano n.º 3 e n.º4 de Beethoven. Em 2023, recebeu o estatuto de membro honorário da Royal Academy of Music. A 9 de Agosto de 1983, foi agraciada com o grau de Dama da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. A 4 de Fevereiro de 1989, com o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique. A 9 de Junho de 1998 foi elevada ao grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. E, a 19 de Maio de 2019, foi elevada ao grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Em 18 de Maio de 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural. Em 1989, recebeu o Prémio Pessoa. Depois de viver no Brasil, na Bélgica e na Suíça, regressou a Belgais, no distrito de Castelo Branco, em 2017. (Fonte consultada: Wikipédia)

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16/09/2024

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Soares Novais

Porto (1954). Autor, editor, jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP). Publicou o romance “Português Suave” e o livro de crónicas “O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana”. É um dos autores portugueses com obra publicada na colecção “Livro na Rua”, que é editada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Tem textos publicados no "Resistir.info" e em diversos sítios electrónicos da América Latina e do País Basco. É autor da coluna semanal “Sinais de Fogo” no blogue “A Viagem dos Argonautas”. Assina a crónica “Farpas e Cafunés”, na revista digital brasileira “Nós Fora dos Eixos”.

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