Não é xenofobia, é grito de descolonização!

(Créditos fotográficos: Mirosław e Joanna Bucholc – Pixabay)
Como portuense (e imagino que os lisboetas sintam o mesmo), o excesso de turismo não qualificado (e de um turismo que, na feliz expressão de Nuno Cardoso, candidato à presidência da Câmara Municipal do Porto, deixa mais lixo do que dinheiro) perturba o nosso quotidiano. Desde o alojamento local dinamitando a habitação de aluguer a preços inflaccionados nas lojas de mercearia e afins no centro da cidade, eu preferia que fossem menos e melhores, ficando em hotéis e comendo em restaurantes, comprando os nossos produtos no comércio tradicional e não fazendo algazarra a desoras (a mim, pessoalmente, que tenho o hábito do trabalho nocturno, não me prejudica tanto o descanso, mas, para quem, maioritariamente, trabalha no horário normal é muito mau).

É uma situação que urge outras políticas activas e não de sujeição por inércia. Se quisesse imitar (o que não é o caso) a extrema-direita populista no que faz com os imigrantes, gritaria que os “encostem às fronteiras” com taxas de turismo para que nos tragam alguma coisa para lá do falso cosmopolitismo com que, assim, só nos desarranjam a vida. Só não compreende isto quem vive numa redoma fora da realidade urbana e acha que devemos embasbacar com o estrangeiro. Não se trata de xenofobia, trata-se de recusa de um colonialismo de novo tipo. Este turismo não é um pólo de dinamização económica. É um custo acrescido às dinâmicas da cidade.

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Nota do Director:
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29/09/2025