O Natal de 2023
A cidade de Belém, onde, supostamente, nasceu o Menino Jesus, que celebramos no Natal, fica na Palestina. Ele nasceu num tempo de conflito e de ocupação da sua terra, acossada pelo Império Romano. Por isso mesmo, os seus pais tiveram de sair de Nazaré e ir para Belém, obrigados por um censo. Agora, enquanto escrevo, já são mais de doze mil as crianças mortas na Palestina. Eu disse 12 mil, muito mais do que na guerra contra o Iraque que durou 14 anos. Meninos, meninas, bebés. Assassinados dentro das escolas, dentro de hospitais, nas suas casas bombardeadas, soterrados por tratores. Mortes premeditadas. Vítimas de um governo genocida. Um novo Herodes, disposto a destruir todo um povo, justamente matando as crianças. Essa é uma hora de dor. Não há o que celebrar.
Assim, neste Natal não haverá palavras bonitas, nem riso, nem cerveja gelada. Só essa infinita perplexidade. Como pode o Mundo ficar omisso diante de tal crueldade? O único gesto possível é o de desejar, de modo profundo, que, tal como há 2023 anos, nasçam outras crianças palestinianas, que resistirão, a despeito das bombas e dos homens da guerra. A Palestina vencerá! Em casa não haverá festa. Só essa dor, insuperável. Viraremos o ano sob essa infâmia do governo de Israel.
O meu desejo para este Natal é que o Menino Jesus chegue ao Mundo aos milhares, gerado do ventre das mulheres palestinianas. Essas inquebrantáveis mulheres que, apesar de todas as dores, continuam e continuarão chegando a Belém.
Abraço a todos os que sentem o mesmo!
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25/12/2023