Quando o ridículo não mata, mas mói…
Não fosse poder configurar mesmo um crime de usurpação de poderes, com que a Dona Lucília se devia preocupar, e só daria para fazer cair de riso o edil. Imiscuir-se no ordenamento jurídico que separa a administração central do poder local não é uma carolice. Ou “carlorice”, devo dizer?
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, depois de querer pôr a Polícia Municipal a prender cidadãos – se calhar, para pôr “os moedinhas” a levarem de cana os condutores rebeldes que não obedecem aos ditames do estacionamento –, irá prosseguir na sua safra de imitação do “tio Adolf”, reclamando a chefia da Região Militar de Lisboa? E, posteriormente, que mais se seguirá? Alguma rebelião a partir da Cervejaria da Trindade? Ou recuperar a lei de ser proibido o uso do isqueiro fora de telha? Ou de Telheiras, quiçá!
Há mesmo quem diga que o homem que faz recair sobre a capital o riso do resto do país já sonha em emitir moeda, com a sua imagem e em paridade com o Reichmarke (1938-1945). Mas, felizmente para todos nós, numa farsa histórica como aquela de que diria o teórico revolucionário prussiano Friedrich Engels: a História repete-se, da primeira vez como drama e da segunda como farsa. Ou algo assim do género.
Dir-se-á que a insensatez não merece muito mais do que isto. E que antes uma boa rajada de gargalhadas à rajada de uma metralhadora para atingir o pequeno comediante autarca. Talvez sim, talvez não. Mas, como a Democracia é para levar a sério, talvez quem devesse pronunciar-se sobre este pronunciamento fosse o senhor de Belém, tão interventivo com as outras moedas do orçamento.
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Nota do Director:
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26/09/2024