Uma sinfonia cósmica em palavras: “A Harmonia das Esferas”

 Uma sinfonia cósmica em palavras: “A Harmonia das Esferas”

(Créditos de imagem: Milad Fakurian – Unsplash)

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Carlos Fiolhais e João Paulo André, dois dos mais proeminentes divulgadores científicos portugueses, presenteiam-nos com “A Harmonia das Esferas”, um livro que se aventura pelos meandros da Física, da Astronomia e da História da Ciência, com uma elegância e clareza notáveis. Longe de ser um manual árido, a obra convida o leitor a uma viagem fascinante pela evolução do pensamento humano sobre o cosmos, desde as concepções mais antigas até às teorias mais recentes.

(Direitos reservados)

Este livro está incluído na colecção “Ciência Aberta” da editora Gradiva com o número 252. Recorde-se que esta colecção é coordenada por Carlos Fiolhais.

“A Harmonia das Esferas” tem um prefácio muito interessante de Rui Vieira Nery. O título deste livro, evocativo e poético, remete para a antiga ideia pitagórica da música produzida pelo movimento dos corpos celestes. E, de facto, o livro orquestra uma harmonia entre diferentes saberes, mostrando como a busca pela compreensão do universo é um processo contínuo, construído sobre os ombros de gigantes. Os autores demonstram um profundo conhecimento e paixão pelos temas que abordam, conseguindo transformar conceitos complexos em ideias acessíveis, sem nunca comprometer o rigor científico.

Um dos maiores trunfos de “A Harmonia das Esferas” reside na sua abordagem histórica e contextualizada. Fiolhais e André não se limitam a apresentar factos e teorias; eles narram as histórias por trás das descobertas, os dilemas dos cientistas, os paradigmas que foram quebrados e os avanços que moldaram a nossa visão do universo.

(pt.quizur.com)

Somos levados a testemunhar a genialidade de pensadores como Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler, Newton e Einstein, compreendendo as suas contribuições no contexto das suas épocas. Esta perspectiva histórica confere à obra uma dimensão humana e envolvente, que cativa tanto o leitor leigo, como o mais familiarizado com a Ciência.

A linguagem utilizada é um primor de clareza e fluidez. Os autores evitam o jargão desnecessário e, quando este é indispensável, é cuidadosamente explicado. As analogias e exemplos são empregados com mestria para ilustrar ideias abstratas, tornando a leitura não só informativa, mas também prazerosa. A escrita é didáctica sem ser condescendente, respeitando a inteligência do leitor e incentivando a sua curiosidade.

(Créditos de imagem: Javier Miranda – Unsplash)

Para além da Física e da Astronomia, “A Harmonia das Esferas” também toca em questões filosóficas e epistemológicas. Reflecte-se sobre a natureza do conhecimento científico, os seus limites e o seu constante processo de revisão e aperfeiçoamento. A obra sublinha a importância da dúvida, da observação e da experimentação como pilares da Ciência, enquanto realça a beleza e a complexidade do universo que nos rodeia.

Em suma, “A Harmonia das Esferas” é uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada em compreender o universo e a forma como a Humanidade tem tentado desvendá-lo. É um livro que inspira, informa e, acima de tudo, encanta. Carlos Fiolhais e João Paulo André conseguem, com esta obra, aproximar a Ciência do público, em geral, provando que o conhecimento pode ser tão belo e harmonioso quanto a própria dança das esferas celestes. Recomendamos vivamente esta viagem cósmica, que certamente deixará uma ressonância duradoura em quem a empreender.

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(*) Artigo no âmbito do programa “Cultura, Ciência e Tecnologia na Imprensa”, promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa.

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23/06/2025

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António Piedade

Bioquímico e comunicador de Ciência. Publicou centenas de artigos e crónicas de divulgação científica na imprensa portuguesa e 20 artigos em revistas científicas internacionais. É autor de diversos livros de divulgação de Ciência, entre os quais se destacam “Íris Científica” (Mar da Palavra, 2005 – Plano Nacional de Leitura), ”Caminhos de Ciência”, com prefácio de Carlos Fiolhais (Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011) e “Diálogos com Ciência” (Trinta Por Uma Linha, 2019 – Plano Nacional de Leitura), também prefaciado por Carlos Fiolhais. Organiza regularmente ciclos de palestras de divulgação científica, a exemplo do já muito popular “Ciência às Seis”, no Rómulo Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Profere regularmente palestras de divulgação científica em escolas e outras instituições.

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