O escândalo no teatro noticiado

 O escândalo no teatro noticiado

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É pena que o teatro só tenha direito a tanta cobertura mediática por causa de um caso de alegada predação sexual. A confirmar-se – e os indícios são demasiado fortes para não acreditar que sim –, tem o Estado de intervir aos mais diversos níveis, sendo que a Inspecção-Geral da Educação já o começou. Outros organismos e direcções-gerais, autoridades judiciais e tutelas devem fazê-lo. E quem se sente lesado deve canalizar as queixas para o Ministério Público e demais órgãos competentes. Compreende-se, a ser verdade, uma necessidade de trazer o assunto à praça pública.

(Imagem gerada por IA – artguru.ai)

Não se entenderia e passaria a ser duvidoso se ficasse por aí. A verdade tem de ser apurada. No interesse de todos. Mas deve lembrar-se que há muita gente séria e competente a fazer o seu trabalho. Os que o fizeram durante décadas e os mais novos que também fazem o seu caminho. Apure-se tudo, nada se oculte e cumpra a comunicação social o seu papel, investigando e informando. Mas, no fim, lembre-se de noticiar depois os trabalhos e as pessoas honestas de dedicação de uma vida inteira e dos que apostam as suas agora para o seu futuro. É o que penso, após instado por muitos a pronunciar-me. Não tenciono voltar ao assunto.

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Nota do Director:

O jornal sinalAberto, embora assuma a responsabilidade de emitir opinião própria, de acordo com o respectivo Estatuto Editorial, ao pretender também assegurar a possibilidade de expressão e o confronto de diversas correntes de opinião, declina qualquer responsabilidade editorial pelo conteúdo dos seus artigos de autor.

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25/09/2025

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Jorge Castro Guedes

Com a actividade profissional essencialmente centrada no teatro, ao longo de mais de 50 anos – tendo dirigido mais de mil intérpretes em mais de cem encenações –, repartiu a sua intervenção, profissional e social, por outros mundos: da publicidade à escrita de artigos de opinião, curioso do Ser(-se) Humano com a capacidade de se espantar como em criança. Se, outrora, se deixou tentar pela miragem de indicar caminhos, na maturidade, que só se conquista em idade avançada, o seu desejo restringe-se a partilhar espírito, coração e palavras. Pessimista por cepticismo, cínico interior em relação às suas convicções, mesmo assim, esforça-se por acreditar que a Humanidade sobreviverá enquanto razão de encontro fraterno e bom. Mesmo que possa verificar que as distopias vencem as utopias, recusa-se a deixar que o matem por dentro e que o calem para fora; mesmo que dela só fique o imaginário. Os heróis que viu em menino, por mais longe que esteja desses ideais e ilusões que, noutras partes, se transformaram em pesadelos, impõem-lhe um dever ético, a que chama “serviços mínimos”. Nasceu no Porto em 1954, tem vivido espalhado pelo Mundo: umas vezes “residencialmente”, outras “em viagem”. Tem convicções arreigadas, mas não é dogmático. Porém, se tiver de escolher, no plano das ideias, recusa mais depressa os “pragma” de justificação para a amoralidade do egoísmo e da indiferença do que os “dogma” de bússola ética.

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